Bancos podem ser atingidos por tempestade em 2018

Por Christopher Langner.

Aqueles que procuram saber quando a próxima crise financeira pode acontecer, devem marcar um lembrete para 1º de janeiro de 2018.

É quando uma série de novas regras estão programadas para entrar em vigor e que são suscetíveis para restringir ainda mais a capacidade de empréstimo e levar os bancos a só adiantar dinheiro para os melhores mutuários, o que poderia acelerar falências em todo o mundo. Como acontece com qualquer regulação financeira, no entanto, os efeitos começam a ser sentidos mais cedo do que a data de implementação.

Duas regras básicas estão programadas para 2018: a razão de alavancagem definida pelo Comitê da Basileia de Supervisão Bancária e International Financial Reporting Standard No. 9, definido pelo International Accounting Standards Board. Outras regras que exigem que os bancos parem de usar suas próprias medidas internas para avaliar o risco começam a ser introduzidas a partir do próximo ano.

O Basileia 3 já foi acusado de reduzir a liquidez nos mercados globais e tornar o crescimento do crédito mais lento. O que está prestes a ser lançado será o equivalente a uma injeção de esteroide em comparação a isso.

O IFRS 9, por exemplo, vai exigir o reconhecimento precoce de perdas de crédito esperadas, um movimento que, de acordo com alguns analistas de crédito, poderia aumentar os ativos inadimplentes em alguns bancos em até um terço. Como empréstimos ruins – ou o seu reconhecimento – aumentam, o mesmo acontece com as exigências de capital. Em outras palavras, vai ser mais caro e difícil para os bancos emprestarem.

As novas regras de Basileia com o objetivo de reduzir as margens que os bancos possuem atualmente em como se responsabilizam pelos riscos entrarão em vigor nos próximos dois anos. As regulamentações impostas depois da crise financeira global já exigem que os bancos reservem mais capital para cada dólar que emprestam, dependendo da posição de crédito do mutuário. O problema é que os reguladores globais deixavam a decisão sobre o crédito principalmente para os próprios bancos. Um estudo de 2013 do Comitê de Basileia encontrou variações de até 20 por cento na ponderação de risco ligada a ativos semelhantes.

A partir de 2017, portanto, as instituições financeiras não serão mais capazes de usar seus modelos internos para avaliar os riscos para as contrapartes de derivativos. Em 2018, isso será expandido para a securitização e, posteriormente – apesar de a data exata ainda estar para ser determinada –, os credores terão que avaliar todos os seus clientes de empréstimo baseando-se em padrões estabelecidos pelo Comitê de Basileia.

De acordo com as regras propostas, as empresas que têm rendimentos mais elevados e menor alavancagem terão que exigir menos capital dos bancos, o que significa que os bancos terão um incentivo para emprestar somente para as maiores empresas com negócios mais estabelecidos. Boa sorte para as pequenas empresas que necessitam de fundos para aumentar as vendas.

Antes dessa regra entrar em vigor, no entanto, o índice de alavancagem entra em vigor em 1º de janeiro de 2018. A partir de então, os bancos serão obrigados a limitar o quanto seu balanço é alavancado no geral, efetivamente colocando um forte teto no crescimento dos empréstimos.

É cada vez mais difícil para os bancos ajudar a impulsionar a expansão global, não importa até onde estão baixas – ou negativas – as taxas de referência. Mas isso está prestes a ficar muito mais difícil. Os bancos vão apertar os cintos e quando eles desalavancam, o mundo segue. Isso significa mais falências, demissões e menos postos de trabalho, o que se parece muito a uma receita para uma crise global.

Como observou recentemente o antigo Presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, a legislação bancária muito detalhada que foi promulgada após a última crise financeira certamente criou uma série de postos de trabalho para os advogados e responsáveis por compliance. Talvez essas duas áreas serão os únicos pontos brilhantes em 2018.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e seus proprietários.

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