Condição climática no Brasil aumenta custo do café da manhã

Por Marvin G. Perez.

O alarme de despertar poderá soar ainda mais doloroso graças ao clima às avessas no Brasil que está aumentando o custo das commodities que fazem parte do seu café da manhã.

Nas principais regiões produtoras de café do país, o clima seco está afetando a produção de grãos do tipo arábica e robusta. Ao mesmo tempo, o excesso de chuvas nas áreas de plantio de cítricos prejudicou a produção de suco de laranja e a geada nas regiões produtoras de açúcar reduziu a produtividade dos canaviais. O Brasil é o maior produtor e exportador desses três produtos. Assim, os problemas de oferta levaram os investidores a aumentar as apostas na alta dos preços: um indicador conjunto de aplicações nesses três ativos se encontra em nível recorde.

Os contratos futuros de açúcar e suco de laranja em Nova York já estão sendo negociados perto dos valores mais altos em quatro anos. O café arábica, variedade preferida pela rede Starbucks, alcançou na semana passada o maior custo desde fevereiro de 2015. Os problemas climáticos do Brasil ocorrem após o fenômeno El Niño ter provocado secas na Ásia no início do ano, o que reduziu a oferta de açúcar e café. No Estado americano da Flórida, segundo maior fornecedor de suco de laranja, uma praga propagada por um inseto devastou plantações.

“Este não é um fenômeno de curta duração — estamos vendo verdadeiras limitações no lado da oferta”, disse Lara Magnusen, gestora de carteiras da Altegris Advisors, que administra US$ 2,47 bilhões e fica localizada em La Jolla, na Califórnia.

Apostas dos investidores

Gestores de recursos estão se posicionando para um aumento dos preços. O total de posições líquidas compradas em açúcar subiu 6,4 por cento para 284.448 contratos de futuros e opções na semana encerrada em 20 de setembro, de acordo com dados divulgados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) três dias depois. Foi o maior ganho em seis semanas. Os investidores elevaram as apostas na alta do café arábica para o patamar mais alto desde outubro de 2014, enquanto as apostas na alta do preço do suco de laranja subiram pela quarta semana consecutiva. Um indicador conjunto de aplicações nessas três commodities atingiu a maior pontuação desde que começou a ser compilado, em 2006.

Os contratos futuros de açúcar bruto se valorizaram nas últimas três semanas, o período mais longo de ganhos desde junho. Os preços chegaram a 23,88 centavos de dólar por libra no dia 22 de setembro, valor mais alto desde julho de 2012. O açúcar subiu 49 por cento neste ano, o maior ganho entre 22 componentes do Índice Bloomberg de Commodities.

Embora o clima tenha sido responsável pelo pessimismo em relação à safra do Brasil, ainda há tempo para uma reviravolta capaz de ajudar a recuperar plantações, disse Ben Ross, gestor de carteiras e codiretor de commodities da Cohen & Steers Capital Management, que tem sede em Nova York e administra US$ 61 bilhões em ativos. E mesmo que essas condições persistam, os preços mais altos poderiam provocar a própria queda. O consumo de suco de laranja nos EUA já diminuiu.

“Em algum momento, os preços vão prejudicar a demanda”, disse Ross. “O potencial de alta é limitado”.

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