Brasil: o caminho para o crescimento

Por Alex Lima e Marco Maciel.

Pode haver ainda muitos desafios antes dos ganhos, uma vez que a nova administração de Temer tenta orientar a frágil economia a sair da recessão

Baixo consumo e queda no setor de serviços aprofundaram a recessão do Brasil, impulsionando o que pode ser uma retração de 3,5% em 2016. O aumento do desemprego alimentou esta fase, depois que o declínio de investimentos e manufaturas levou a queda do produto interno bruto em 3,8% em 2015. O fato da economia estar encolhendo ajuda a inchar o déficit orçamentário primário do país para 2,6% do PIB, e está causando tensões políticas. A recessão também limita a capacidade do banco central elevar os juros para combater a inflação. Mas há alguma luz no fim do túnel para o Brasil? Um olhar cuidadoso sobre os dados revela muito sobre o que se espera para o maior país da América Latina.

A corrupção abala a construção

A equipe da Bloomberg Intelligence (BI) analisou globalmente o número de notícias que citavam a Operação Lava Jato. Eles então compararam esses dados com o crescimento anual na produção de bens de capital para a construção no Brasil. A associação entre eles pode explicar a profunda depressão na produção de equipamentos de construção, uma vez que o ambiente de negócios para a aquisição de maquinário pesado tornou-se altamente incerto desde o quarto trimestre de 2014. A produção de bens de capital para a construção deve sofrer uma queda de 30% este ano em comparação com 2015, sugerindo quão disruptiva a atual investigação de corrupção tem sido na demanda de bens de capital. A Polícia Federal indicou que a investigação – que está ramificando para os mais altos escalões do antigo governo Dilma e do atual governo Temer, acusando senadores e altos funcionários públicos – poderia terminar até o final deste ano. Há esperança, portanto, de que o investimento em bens de capital para a construção possa retomar o crescimento após as investigações terminarem e os sistemas de combate à corrupção estiverem encaminhados.

Além disso, os mercados precificaram o risco soberano brasileiro mais baixo, dado o impeachment de Dilma, eliminando o risco de persistir nas políticas macroeconômicas que falharam ao longo dos últimos dois anos e meio.

Apesar dos enormes desafios da política fiscal e monetária do Brasil, há esperança de alguns sinais positivos à frente. A produção industrial está mostrando sinais incipientes de estabilização, contraindo no ritmo mais lento em quase um ano. Essa reviravolta segue uma mudança semelhante na confiança das empresas. Juntos, esses indicadores sugerem que o declínio ano-a-ano na produção industrial pode já ter atingido o seu ponto mais baixo e deve estabilizar-se no segundo semestre de 2016.

Conclusão

Em suma, acompanhar a evolução da Operação Lava Jato e suas consequências políticas são fundamentais para compreender a recuperação do Brasil. Enquanto a administração de Temer parece ter tido algumas atitudes que agradaram o mercado até agora, grandes desafios permanecem para fazer a trajetória da dívida do país percorrer um caminho sustentável. Esses desafios incluem uma ampla reforma do sistema previdenciário e reduzir o tamanho do governo federal, entre outros. Várias destas medidas necessárias vão exigir muito capital político, que está sendo devorado diariamente pela investigação da Operação Lava Jato. Enquanto milhões de brasileiros podem ter tomado as ruas para exigir o impeachment de Dilma, a administração de Temer não tem o tempo a seu favor.

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