Bilionário egípcio diz que está pronto para investir na Oi

Por Daniele Lepido.

O bilionário egípcio Naguib Sawiris disse que está preparado para investir na Oi, a operadora brasileira de telefonia com US$ 19 bilhões em dívidas que apresentou um pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira.

Sawiris, que controla uma participação majoritária na Orascom Telecom Media and Technology Holding, do Egito, disse que a Oi tem um grande potencial, desde que sua dívida seja reestruturada e a empresa receba um aumento de capital e um forte plano industrial. O segundo homem mais rico do Egito disse em entrevista, nesta terça-feira, que está pronto para investir se tiver exclusividade nas negociações.

“A Oi precisa de um acionista com forte histórico em telecomunicações para resolver seus problemas operacionais, além dos financeiros”, disse Sawiris, em entrevista por telefone.

Sawiris não é o único bilionário estrangeiro a demonstrar interesse pela Oi, a empresa de telefonia mais endividada do Brasil. Em fevereiro, o russo Mikhail Fridman retirou uma proposta de ajuda ao financiamento da fusão entre a Oi e a Tim Participações, a unidade brasileira da Telecom Italia. A Oi apresentou um pedido de recuperação judicial na segunda-feira depois de tentar, sem sucesso, chegar a um acordo com os credores após uma série de fusões e mudanças de diretoria que não conseguiram ajudar a operadora a alcançar uma situação financeira sólida.

Sawiris disse que a combinação entre a Oi e a Tim faz “muito sentido”, mas que a empresa precisa conseguir ficar de pé para ser capaz de negociar a fusão. O empresário egípcio disse que um acordo com Fridman, um ex-parceiro de negócios, seria “bem-vindo”. Sawiris não especificou qual poderia ser o formato de seu investimento. O interesse dele na compra da Oi foi informado primeiro por Sonia Racy, colunista do jornal O Estado de S. Paulo.

Um representante da empresa de investimento LetterOne Holdings, apoiada por Fridman, preferiu não comentar o assunto imediatamente.

A Oi pediu recuperação judicial para poder manter o serviço aos clientes, segundo comunicado da empresa, de segunda-feira. As negociações com os credores pararam na semana passada depois que alguns membros do conselho discordaram de um plano dos detentores de títulos para trocar dívidas por ações que daria a eles 95 por cento da empresa e deixaria os atuais acionistas com uma participação de 5 por cento.

A Oi estava sendo pressionada a buscar proteção porque possui 231 milhões de euros (US$ 262 milhões) em títulos com vencimento em quase um mês. O pedido de recuperação judicial veio dez dias depois de Bayard Gontijo pedir demissão do cargo de presidente da empresa após discordar de alguns integrantes do conselho em relação a como proceder nas negociações com os detentores de dívidas.

Com uma fortuna de US$ 4 bilhões, segundo o índice Bloomberg Billionaires, Sawiris ajudou a modelar o setor de telefonia da Itália. Em 2005, ele comprou a operadora de telefonia celular Wind da empresa de energia Enel, em um negócio de 12,2 bilhões de euros, e a vendeu seis anos depois para a VimpelCom, operadora que tem Fridman como sócio.

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