Plano britânico de listar funcionários estrangeiros é criticado

Por Thomas Penny.

A secretária do Interior do Reino Unido, Amber Rudd, defendeu uma série de propostas para reduzir o número de estrangeiros trabalhando nas empresas britânicas após ter sido acusada de incentivar o racismo e o sentimento contra os imigrantes.

Segundo planos anunciados durante a conferência do Partido Conservador, as companhias precisariam listar seus funcionários não britânicos. Bancos e locadores de imóveis também enfrentariam sanções caso não façam a verificação dos estrangeiros com quem fazem negócio.

“Não podemos ignorar o fato de que as pessoas querem falar sobre imigração; se eu quero falar sobre imigração, não me chame de racista”, declarou Rudd à Rádio BBC 4 na quarta-feira. “Devemos poder ter uma conversa sobre imigração, sobre as qualificações que queremos ter no Reino Unido e onde precisamos ir para buscá-las, a fim de ajudar os negócios e impulsionar nossa economia.”

Parlamentares de oposição, do Partido Trabalhista, se juntaram a empresas que criticaram Rudd a respeito dos planos que, segundo ela, são parte de uma revisão que visa ajudar companhias a treinar funcionários locais para reduzir a dependência em relação a trabalhadores de fora do Reino Unido. O secretário de Saúde, Jeremy Hunt, usou seu discurso na conferência para anunciar planos de tornar o Serviço Nacional de Saúde “autossuficiente” em uma década, de modo que não precise mais depender de médicos estrangeiros.

‘Partido Nojento’

“Me desculpe, mas não, não teremos isso”, escreveu o parlamentar trabalhista Andy Burnham, no Twitter, acima da manchete ‘Firmas precisam listar trabalhadores estrangeiros’, que estampou a capa do jornal Times na quarta-feira. “Esta conferência dos conservadores tem sido desagradável e xenófoba. Theresa May presidiu a volta do Partido Nojento”, ele tuitou depois.

Na terça-feira, Rudd reafirmou o compromisso do governo de reduzir a migração líquida a “dezenas de milhares”, na trajetória do Reino Unido para fora da União Europeia. A migração líquida quase bateu recorde nos 12 meses até março, chegando a 327.000 pessoas.

“Muitos negócios lamentariam saber que ter uma força de trabalho global seria uma vergonha”, disse Adam Marshall, diretor geral em exercício da Câmara Britânica de Comércio, em entrevista à BBC. “Não acho que devam ser penalizados por fazer isso porque têm necessidades específicas de qualificação.”

Rudd afirmou que listar trabalhadores é uma proposta e faria parte de uma ampla revisão das regras de imigração.

Ameaça de cadeia

“Não é algo que definitivamente faremos; é uma das coisas que usaremos na revisão”, ela disse. “O que estamos dizendo às empresas é ‘trabalhem conosco para entregar o que precisamos, que é uma força de trabalho local mais qualificada.”’

Proprietários que saibam estar alugando seus imóveis para imigrantes ilegais podem ir para a cadeia, disse Rudd a ativistas conservadores em Birmingham, na região central da Inglaterra, na terça-feira. Os bancos também precisarão verificar se seus clientes têm permissão para estar no país. Ela disse que está tentando tornar mais duras as condições que as empresas precisam cumprir antes de obter visto para trabalhadores estrangeiros.

Os planos foram criticados pelo grupo de defesa de interesses empresariais Institute of Directors, que declarou que a meta é “arbitrária” e não tem conexão com as qualificações das quais as empresas britânicas precisam.

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