Investidores de ETFs desmembram mercados emergentes

Por Eric Balchunas.

Embora os investidores de ETFs pareçam não gostar dos mercados emergentes, isso não significa que não estejam investindo neles.

O fato é que os fundos negociados em bolsa que acompanham os mercados emergentes tiveram níveis saudáveis de investimentos nos últimos anos. Eles simplesmente não vieram da forma como estamos acostumados.

Mesmo com o foco recente nas grandes retiradas de ETFs de mercados emergentes – 6 bilhões de dólares perdidos nos últimos três anos, para ser exato – os ETFs por país que acompanham os países de mercados emergentes usufruíram aportes de 7 bilhões de dólares.
 

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Isso indica que pelo menos alguns investidores estão desmembrando a exposição aos MEs em peças mais direcionadas, uma vez que eles e pessoas como Mohamed El-Erian questionam a lógica de agrupar países tão diferentes quanto Índia, Rússia, México e Polônia em um único pacote.

Essa tendência contrasta com os mercados desenvolvidos internacionais, nos quais os ETFs regionais ainda são preferidos aos ETFs por país. Por exemplo, os ETFs europeus regionais receberam 42 bilhões de dólares nos últimos três anos, enquanto os ETFs por país da Europa receberam apenas 8 bilhões de dólares.

Josh Brown, diretor executivo da Ritholtz Wealth Management, sugere que o mundo desenvolvido é menos díspar do que os MEs:

“Não há diferença entre Portugal e Espanha. Portugal é como uma Espanha diet. Mas existe uma enorme diferença entre Rússia e Índia. Uma é exportadora de commodities, outra é importadora. Suas tendências demográficas avançam em direções diferentes. Por isso, eu aposto no fim da ideia do BRIC completamente. A ideia de ME e a ideia de MD têm muito pouco a ver uma com a outra. Nós só temos todos em um pacote porque é fácil. Mas, provavelmente, não é a melhor forma de investir.”

Os retornos recentes também sustentam essa afirmação. Os quatro países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) demonstram quase 100 pontos percentuais de variação em termos de retorno nos últimos três anos. A Índia aumentou 43 por cento e o Brasil caiu 52 por cento, por exemplo. Esse dado é cerca de cinco vezes superior à diferença de retorno entre os dez maiores países do ETF Vanguard FTSE Europe.

As características e os retornos altamente variados dos países em desenvolvimento explicam porque alguns se questionam se “ME” deveria ser uma classe de ativo. A tabela abaixo mostra exatamente por onde o dinheiro passou nos últimos três anos, além dos retornos extremamente diferentes de cada país.
 

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Como é esperado, os fluxos seguiram os retornos em grande parte.

Foi o caso da Índia, que apresentou um grande incremento após a eleição de um Primeiro Ministro voltado para o mercado, Narendra Modi. Por outro lado, os investidores retiraram dinheiro do Brasil depois que o mercado despencou. Países como a Rússia opuseram-se à tendência, uma vez que os investidores tentaram alegar o fundo do poço. De modo geral, 7 bilhões de dólares em dinheiro novo fluíram para os MEs por meio dos ETFs por país, enquanto as manchetes alegavam a “saída maciça” de ETFs de mercados emergentes.

Os fatores negativos de desmembrar os MEs seriam o aumento da volatilidade e a perspectiva de que seria possível escolher os “perdedores” sem os “vencedores” para compensar. No entanto, esses números sugerem que os investidores podem estar dispostos a digerir o risco em troca da capacidade de montar sua própria exposição emergente, peça por peça.

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