Por Marvin G. Perez.
A sede aparentemente insaciável da geração do milênio por café está ajudando a levar a demanda mundial para um recorde exatamente quando a oferta está se contraindo.
Os americanos estão ficando viciados em café cada vez mais cedo e os jovens adultos estão aumentando o consumo diário a um ritmo suficientemente rápido para compensar o declínio entre os mais velhos. O resultado: a demanda nos EUA, o maior consumidor do mundo, deverá atingir uma alta histórica e a tendência entre os mais jovens também está surgindo em outros grandes consumidores, como o Brasil e até mesmo a China, onde a população adora o chá.
O consumo está aumentando em um momento em que a seca restringe a oferta do Brasil, o maior produtor e exportador do mundo. Na semana passada, em Nova York, os preços da variedade arábica dispararam para o valor mais alto desde fevereiro de 2015. Hedge funds estão se posicionando para mais ganhos, aumentando suas apostas em que os preços atingirão o valor mais elevado em oito anos.
A demanda “vem avançando muito além das expectativas, por isso os mercados de café estão se ajustando significativamente”, disse Harish Sundaresh, gerente de portfólio e analista de commodities em Boston da equipe Loomis Sayles Alpha Strategies, que administra US$ 5 bilhões.
Apostas dos fundos
O total de posições líquidas compradas em café deu um salto de 18 por cento, para 50.651 futuros e opções na semana finalizada em 25 de outubro, de acordo com dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities publicados três dias depois. Trata-se do maior volume desde março de 2008. O café arábica subiu 6 por cento, para US$ 1,655 a libra-peso, na semana passada na ICE Futures U.S. em Nova York, o maior avanço desde julho. Os preços registraram média de US$ 1,344 neste ano.
A geração do milênio — grupo de jovens que atualmente têm entre 19 e 34 anos — responde por cerca de 44 por cento da demanda de café dos EUA, de acordo com a empresa de pesquisa com sede em Chicago Datassential. No período de oito anos até 2016, o consumo diário entre pessoas de 18 a 24 anos aumentou de 34 por cento para 48 por cento e entre pessoas de 25 a 39 anos subiu de 51 por cento para 60 por cento, de acordo com a Associação Nacional do Café, em Nova York. Ao mesmo tempo, entre os adultos com 60 anos ou mais houve uma queda de 76 por cento para 64 por cento e também houve declínio no grupo de 40 a 59 anos.
A mania do café também está começando mais cedo na vida das pessoas. Na geração do milênio, os mais jovens, nascidos após 1995, começaram a consumir café com cerca de 14,7 anos de idade, ao passo que os mais velhos, nascidos mais perto de 1982, começaram aos 17,1 anos, mostram dados da associação dos EUA.
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