Por Amy Stillman e Sabrina Valle.
Dois países latino-americanos que precisam de grandes investimentos para ampliar os esvaziados cofres estatais estão presos a uma competição crescente para atrair o interesse das grandes petroleiras para suas reservas de petróleo de águas profundas.
O México e o Brasil, as duas maiores economias da região, querem uma fatia de um bolo cada vez menor no momento em que as petroleiras internacionais estão limitando seus investimentos em meio aos baixos preços do petróleo. O investimento em exploração das principais exploradoras em 2015 caiu pela metade em relação ao ano anterior, para US$ 7 bilhões, segundo relatório de setembro da Wood Mackenzie, que também previu que o investimento do setor continuaria sendo reduzido até o fim da década.
Para competir, neste mês o Brasil cancelou uma regra que exigia que a Petrobras operasse em todos os campos do pré-sal, controlando uma fatia de pelo menos 30 por cento. Na semana seguinte, o México informou que permitiria que as operadoras apresentassem ofertas individuais na primeira joint venture de águas profundas com a estatal Petróleos Mexicanos, e não em grupos de duas ou mais empresas. Em ambos os casos, as regras iniciais eram vistas como limitações para as opções dos potenciais ofertantes.
O México e o Brasil “estão correndo atrás dos mesmos dólares”, disse Scott Monette, gerente de desenvolvimento de negócio da consultoria de recursos de petróleo Gaffney Cline & Associates. “Estamos começando a ver uma primeira fase de concorrência rigorosa entre esses países.”
O México realizará seu primeiro leilão de águas profundas da história em 5 de dezembro, oferecendo até 10 áreas na região de Perdido, perto de sua fronteira marítima com os EUA, e no golfo sul de Cuenca Salina, além de um leilão separado para a joint venture com a Pemex no campo de Trion.
O leilão do Brasil, previsto para 2017, será o segundo do pré-sal desde que o país revelou dezenas de bilhões de barris de reservas recuperáveis há cerca de uma década. O processo incluirá os chamados blocos “unitizados”, que se estendem nas áreas do pré-sal já descobertas concedidas aos titulares das concessões, segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard.
Benefícios, perguntas
A oferta de cada país possui grandes benefícios e também levanta perguntas importantes.
As reservas do México estão perto do lado dos EUA no Golfo, onde empresas petroleiras internacionais como Royal Dutch Shell, Chevron e BP já estão desenvolvendo ativos em águas profundas altamente produtivos, disseram Pablo Medina e Horacio Cuenca, analistas da Wood Mackenzie, em entrevista conjunta por telefone. Mas estão em grande parte inexploradas.
Embora as reservas brasileiras do pré-sal sejam muito maiores e já estejam produzindo algum petróleo, elas estão mais longe da costa e a extração seria mais cara e complexa.
“Os blocos do Brasil exigirão um enorme investimento a curto e médio prazos, ao passo que no México há blocos de exploração e é provável que não vejamos investimento de capital na casa dos bilhões de dólares até o início ou meados da próxima década”, disse Medina, de Houston, nos EUA.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.