Por Fabiola Moura e Paula Sambo.
A Oi, operadora de telefonia brasileira enfrentando dificuldades com US$ 20 bilhões em dívidas, propôs um plano de recuperação judicial que inclui uma redução de até 70% no valor de seus bonds.
O plano de recuperação judicial, que também inclui venda de ativos, novos recursos e a possibilidade de uma fusão ou separação, foi aprovado pelo conselho da companhia e arquivado em um tribunal no Rio de Janeiro, segundo um arquivamento. Agora que o documento foi apresentado, os detentores de dívida e acionistas da Oi têm 30 dias para negociações antes de a empresa apresentar um plano revisado. Dois dos principais investidores, Pharol SGPS e Nelson Tanure, já estão em conversações, segundo disseram pessoas familiares com o assunto na semana passada.
Os títulos de dívida da companhia denominados em dólar, com vencimento em 2020, caíram 9%, para 26,1 cents, comparados a 67 cents um ano antes.
A operadora carioca propôs converter até R$ 32,3 bilhões (US$ 8,74 bilhões) de dívida em bonds conversíveis, com o valor de face de R$ 10 bilhões. Os credores tomariam 85% da empresa se a Oi não pagasse sua dívida em três anos. Os credores que optarem por recusar os bonds conversíveis podem escolher entre conceder à Oi um período de carência de 10 anos com juros de 8% ou a Taxa Referencial mais 1% para empréstimos denominados em reais, o que for maior, ou juros de 1,25% para dívida denominada em dólar.
“É difícil chegar a um acordo com os acionistas saindo com valores substanciais enquanto os detentores de títulos de dívida estão tomando descontos massivos”, disse David Tawil, cofundador do fundo de hedge nova-iorquino Maglan Capital.
Os credores que concordarem em emprestar dinheiro novo à Oi podem começar a recuperar o capital após cinco anos, com os juros da Libor mais 1,5% para novos contratos em dólar ou CDI mais 0,25% para novos contratos em reais. A companhia também irá propor a venda de alguns ativos, incluindo parcelas em empresas de telecomunicação na Ásia e na África, sua rede de fibra ótica em São Paulo, unidades no mercado imobiliário, torres e data centers.
A Oi também está propondo pagar mais de US$ 13 bilhões em multas que deve à agência reguladora Anatel, via investimentos. Se um campo comum não for alcançado, as multas estariam sujeitas aos mesmos termos propostos aos detentores de dívida.
A Oi listou cerca de 67.000 credores, entre detentores de dívida, bancos e pequenas empresas, bem como a Anatel. De acordo com a lei brasileira, credores têm 30 dias para se opor ao plano antes de acontecer a assembleia geral presidida pelo administrador judicial PricewaterhouseCoopers e o escritório de advocacia Wald.