Ameaça da Amazon sacode setor de saúde nos EUA

Por Robert Langreth, Jared S. Hopkins e Spencer Soper.

A Amazon.com está exercendo uma considerável influência no setor de saúde dos EUA.

A possibilidade de que a gigante do comércio eletrônico entre neste setor está começando a provocar grandes repercussões para diversas empresas e abala as ações de redes de farmácias, distribuidores de medicamentos e administradoras de benefícios de farmácia, o que poderia precipitar uma das maiores fusões corporativas do ano.

Na quinta-feira, a pressão ficou evidente. A notícia de que a Amazon havia obtido licenças de farmácia atacadista em mais de uma dezena de estados dos EUA desencadeou uma queda forte e imediata que atingiu empresas como McKesson, AmerisourceBergen e Cardinal Health. E no final do dia, as ações da Aetna dispararam depois que The Wall Street Journal informou que a empresa está negociando sua venda à CVS Health por mais de US$ 200 por ação.

A CVS e a Aetna tiveram reuniões sobre um possível acordo, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que pediram anonimato porque os detalhes não são públicos.

Representantes de ambas as empresas não quiseram comentar.

Os executivos do setor farmacêutico dizem que a Amazon poderia usar o seu amplo alcance on-line e sua força logística para ameaçar as empresas que vendem e enviam medicamentos a consumidores e para fechar acordos de preços com os laboratórios.

“Em termos de tamanho e escala, [a Amazon] pode afetar tudo o que quiser afetar”, disse Chip Davis, presidente da Associação para Medicamentos Acessíveis, um grupo do setor de medicamentos genéricos, em entrevista na quinta-feira.

Pressão da concorrência

A presença da Amazon já está sendo sentida por varejistas e empresas que vendem remédios sem prescrição médica. A diretora da unidade de saúde do consumidor da Bayer disse em uma teleconferência com analistas na quinta-feira que a transição dos consumidores dos EUA às lojas virtuais prejudica seus negócios. Erica Mann, a chefe dessa divisão, falou do “efeito Amazon” e disse que os compradores buscam valor.

Ao mesmo tempo, outras coisas também começam a mudar na rede de abastecimento do setor de saúde.

No início deste mês, a gigantesca seguradora Anthem afirmou que cortaria laços com a Express Scripts Holding depois de uma longa disputa sobre preços e que iniciaria sua própria administradora de benefícios de farmácia em 2020. Uma CVS maior e o novo empreendimento da Anthem poderiam aumentar a pressão sobre a Express Scripts, que se gabou de sua independência.

Se o acordo com a Aetna acontecer, “a CVS teria uma posição dominante” no setor de benefícios de remédios, disse Michael Rea, fundador da Rx Savings Solutions, que tem um aplicativo que ajuda os pacientes a encontrar medicamentos de baixo custo.

A Bloomberg News confirmou que a Amazon havia obtido licenças de farmácia atacadista em pelo menos 13 estados dos EUA: Nevada, Idaho, Arizona, Dakota do Norte, Oregon, Alabama, Louisiana, Nova Jersey, Michigan, Connecticut, New Hampshire, Utah e Iowa. Uma solicitação está pendente no Maine. Algumas das licenças foram obtidas no final do ano passado, outras, neste ano.

A Amazon não quis comentar.

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