Por Eric Roston.
Dois cientistas especialistas em clima sugerem que chegaram mais perto de solucionar o debate fundamental a respeito da rapidez com que a atividade humana esquentará o planeta. A resposta não é uma boa notícia.
Entende-se de forma quase universal que a Terra continuará esquentando no futuro próximo. A taxa de aquecimento do planeta, no entanto, não continuará sendo a mesma, relatam Cristian Proistosescu e Peter Huybers, da Universidade de Harvard. Eles afirmam que essa taxa provavelmente vai acelerar.
Algumas partes do planeta esquentam mais lentamente do que outras, explicam. Mas com o tempo regiões antes menos afetadas pelo aquecimento global se tornarão mais quentes. Dessa forma, o grosso do aquecimento planetário deste século pode na verdade estar concentrado em suas décadas finais.
A análise, publicada na quarta-feira na revista científica Science Advances, aborda a diferença entre dois lados que travam uma longa batalha para descobrir a velocidade do aquecimento do mundo. Um grupo analisa o registro histórico e projeta para o futuro todo o aquecimento que já se sabe que ocorreu, basicamente por meio de observações diretas. Esses estudos apontaram que, como existe o dobro de dióxido de carbono na atmosfera do que antes da revolução industrial, a temperatura poderá subir entre 1,6 grau e 3 graus Celsius.
Essas estimativas, embora desconcertantes, são significativamente menores do que as projeções geradas pelos modelos climáticos do outro grupo. Estas são construídas a partir de equações fornecidas pela física da Terra e permitem que os cientistas façam algo impossível no mundo real — simular o comportamento do planeta sob várias condições durante enormes períodos de tempo. Os modelos de computador são os ratos de laboratório da ciência climática.
Por que essa luta por alguns graus é realmente importante? É crucial estimar a taxa de aquecimento do planeta da forma mais precisa possível, porque o resultado determinará a agressividade da resposta das autoridades globais ao problema.
Os autores concluem que vale a pena considerar duas velocidades de mudança climática. Até agora, o mundo está no modo “rápido”, em que regiões com maior probabilidade de esquentar rapidamente exibem os maiores aumentos de temperatura. Isso inclui terras do Hemisfério Norte. Quando se trata de analisar o aquecimento global na faixa rápida, o lado da observação e o lado dos modelos entram em acordo, disse Proistosescu.
Há também um modo “lento”. Lugares como o Oceano Pacífico tropical oriental e o Oceano Antártico, que são mais frios em relação ao resto do mundo, levam mais tempo para esquentar. Mas vão esquentar. À medida que a atmosfera segurar mais calor, sua temperatura aumentará e a taxa global de aquecimento planetário vai acelerar. As projeções de aquecimento baseadas apenas em observações históricas presumem que o ritmo das mudanças climáticas continuará sendo o mesmo; o novo estudo afirma que com o passar do tempo as coisas podem piorar mais rapidamente.
Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, disse que o novo estudo oferece respaldo independente para o trabalho recente de sua unidade e de outras. Ele conclui que as projeções de aquecimento futuro derivadas das tendências de temperatura registradas “são tendenciosamente baixas”.
“A correção disso faz a situação se alinhar muito melhor”, disse Schmidt.
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