Por Sharon Cho e Serene Cheong.
Há evidências de que a Arábia Saudita esteja dando ouvidos ao pedido do presidente dos EUA, Donald Trump, para que a Opep mantenha o mercado de petróleo amplamente abastecido e contenha os preços.
O reino do Oriente Médio está oferecendo volumes adicionais de petróleo bruto além da oferta contratual a alguns compradores na Ásia, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto, já que o líder de facto da Opep planeja uma produção recorde de petróleo depois de desfazer um acordo com seus aliados para limitar a produção.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo tem sido pressionada por Trump a extrair mais antes das eleições legislativas dos EUA em novembro, porque a recuperação do petróleo para um pico de 2014 elevou os preços da gasolina nos EUA. Além disso, alguns clientes sauditas, como a Índia, alertaram que os preços mais altos reduzirão a demanda. Na China, a Unipec – unidade comercial da maior refinaria do país – reduziu as compras citando os preços caros do reino.
A Saudi Arabian Oil Company ofereceu carregamentos adicionais de seu petróleo bruto Arab Extra Light para pelo menos dois compradores na Ásia em agosto, de acordo com pessoas a par do assunto, que pediram anonimato porque a informação é privada. A oferta supera os volumes contratuais mensais da produtora estatal conhecida como Saudi Aramco. A assessoria de imprensa da companhia não quis comentar.
Uma das processadoras asiáticas que recebeu a oferta de Arab Extra Light aceitou os suprimentos adicionais, disse uma das pessoas, sem dar detalhes sobre o volume.
A Arábia Saudita está fazendo a oferta em um momento em que os investidores estão atentos a qualquer sinal de que ela preencherá as lacunas que poderiam surgir na oferta por causa das novas sanções impostas pelos EUA ao Irã, da queda na produção na Venezuela e das interrupções na Líbia. O país e a Rússia convenceram no mês passado a Opep e seus aliados a aumentar a produção depois que 18 meses de restrições conseguiram diminuir uma abundância global e elevar os preços para níveis vistos pela última vez em 2014.
“Os sauditas estavam sofrendo uma pressão imensa do presidente Donald Trump para elevar a produção a fim de manter um limite nos preços”, disse Virendra Chauhan, analista de petróleo da Energy Aspects em Cingapura. “A Arábia Saudita elevou preventivamente a produção antes de um possível déficit devido à perda dos volumes iranianos até o fim do ano. É bem provável que continue oferecendo seus volumes na Ásia”, já que o aumento da oferta de produtos mais leves acabou com outras cargas de arbitragem que iam para o oriente, disse ele.
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