As empresas de serviços públicos querem mais armazenamento de energia, mas a oferta permanece baixa

Embora os desenvolvedores estejam correndo para implementar mais projetos de baterias – e a demanda permaneça forte –, os altos preços, os obstáculos globais de transporte e outras restrições na cadeia de suprimentos estão diminuindo as aplicações de curto prazo, disseram palestrantes no BloombergNEF Summit, realizado em Nova York em abril. Fornecedores de armazenamento de energia, desenvolvedores e serviços públicos devem navegar pelo aumento dos custos de sistemas e a incerteza em preços contratuais no curto prazo.

A fornecedora de armazenamento de energia Trina Storage espera resolver essas restrições com a integração do sistema e o negócio de fabricação de células de baterias. Jae Choi, da Trina Storage, destacou que o setor de armazenamento de energia enfrentou as restrições da cadeia de suprimentos mesmo antes da elevação dos altos preços de commodities. As principais fabricantes de baterias tendem a priorizar os clientes de veículos elétricos frente aos clientes de sistemas de armazenamento de energia, pois tanto ordens individuais quanto o tamanho total do mercado de veículos elétricos são muito maiores do que as ordens e o tamanho do mercado de armazenamento estacionário. Como um mercado menor, o setor de armazenamento estacionário “precisa lutar por migalhas”, disse Jae. A Trina Storage espera aumentar sua capacidade de fabricação de baterias para 25 gigawatts-hora até 2023.

À medida que os preços de commodities continuam aumentando, os desenvolvedores têm enfrentado frequentes renegociações de contratos de fornecimento de baterias, o que torna os negócios de construção de armazenamento de energia muito mais arriscados do que em anos anteriores. A Vistra precisava reestruturar seu projeto Moss Landing Fase III de 350 MW/1400 MWh com a PG&E devido à incerteza de oferta de baterias. Esta alta incerteza provavelmente reduzirá a velocidade de projetos em andamento no curto prazo. A BloombergNEF espera que as implementações nos EUA atinjam 5,4 GW/11,7 GWh em 2022 – 29% mais baixas que a previsão anterior.

Serviços públicos da Califórnia buscam armazenamento de energia para atender às necessidades de confiabilidade

Conforme a Califórnia continua descarbonizando sua rede energética, as insuficiências de capacidade permanecem sendo um desafio para o estado. As baterias são um recurso confiável que será fundamental para descarbonizar a rede energética da Califórnia no curto prazo.

Em junho de 2021, a Comissão de Serviços Públicos da Califórnia (CPUC) emitiu a Reliability Procurement Decision de médio prazo, que exigia que os varejistas de energia no estado obtivessem 11,5 gigawatts de capacidade entre 2023 e 2026. “Mais de 90% disso corresponde a armazenamento”, disse Shinjini Menon, da Southern California Edison (SCE).

Outros recursos não podem cumprir as exigências de confiabilidade do estado: usinas termelétricas emitem carbono e as energias renováveis são muito intermitentes. As empresas de serviços públicos usam baterias para atender a maioria de suas necessidades de confiabilidade no curto prazo. A BloombergNEF estima que a Califórnia adicionará cerca de 12,4 GW/48,2 GWh de baterias com escala para serviços públicos entre 2022 e 2026.

Para garantir que as baterias entrem em operação o mais rápido possível, produtores de energia independentes, como a Vistra, estão utilizando as linhas de transmissão existentes em antigas usinas termelétricas para construir baterias. A empresa reutilizou sua usina de petróleo e gás para construir o projeto Moss Landing Energy Storage Fase I e Fase II de 400 MW/1600 MWh. O local tem espaço suficiente para construir até 1.500 MW de capacidade de armazenamento de energia. A Vistra assinou o projeto Moss Landing Fase III de mais 350 MW/1400 MWh para a PG&E no ano passado. Curt Morgan, da Vistra, disse que “a meta é aposentar a antiga usina de petróleo e gás e substituí-la com a maior quantidade possível de baterias.”

Altos preços contratuais

Com alta demanda e custos elevados, os palestrantes destacaram as preocupações de que os serviços públicos precisarão assinar contratos com preços mais altos, com os contribuintes inevitavelmente pagando a conta. A SCE gastará US$ 1,2 bilhão para 523 MW de baterias a serem implementadas no curto prazo. Supondo que essas baterias tenham um contrato de validade de longo prazo de 20 anos, os preços contratuais atingem US$ 9,23 por kW-mês, um valor superior à média histórica dos preços dos contratos de recursos na Califórnia. Shijini Menon, da SCE, reconheceu que “não há como negar o fato de que os custos vão ser altos no curto prazo.” Os serviços públicos estão tentando reduzir os custos crescentes de baterias com suas metas climáticas e de energia limpa. Shijini relembrou os presentes de que os serviços públicos devem “equilibrar o preço de fazer isso e o preço de não fazer nada. Se não fizermos isso, a sociedade também paga o preço.”

Sobre a BloombergNEF

A BloombergNEF (BNEF) é fornecedora de pesquisas estratégicas que abrange os mercados mundiais de commodities e tecnologias disruptivas, que impulsionam a transição para uma economia de baixo carbono. Nossa cobertura especializada avalia os caminhos percorridos pelos setores de eletricidade, transporte, construção, agricultura e industrial para se adaptar à transição energética. Ajudamos os profissionais de negociação de commodities, estratégia empresarial, finanças e políticas a lidar com as mudanças e criar oportunidades.

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