As pessoas mais importantes do mundo das finanças estão preocupadas com quatro coisas

Por Julie Verhage.

Havia muito coisa para os responsáveis pela política econômica internacional discutirem nas recentes reuniões do FMI e do Banco Mundial em Lima, no Peru.

Da falta de brilho dos investimentos corporativos ao Federal Reserve (Fed) avançando para o seu primeiro aumento dos juros em quase dez anos, os banqueiros centrais e diretores financeiros internacionais podiam escolher vários assuntos para digerir. O economista-chefe do Citigroup, Willem Buiter, participou das reuniões e publicou uma nota que destaca os quatro principais pontos de discussão entre os responsáveis pela política econômica e seus clientes. São estes:

1. A economia chinesa. O consenso entre as pessoas com quem Buiter conversou foi a estabilização da China, com pouco risco de uma guinada drástica antes do fim do ano. No entanto, há um pouco menos de otimismo em relação ao futuro.

A percepção de que em alguns episódios recentes a política econômica foi de certo modo ineficiente e difícil de entender fez alguns de nossos pares verem aumentar os riscos de que a China, em algum momento dos próximos anos, sofra uma desaceleração mais acentuada ao enfrentar seus muitos desafios em política econômica.

2. Risco de uma crise no mercado emergente. A desaceleração do crescimento nos mercados emergentes tem dado o que falar ultimamente e não foi diferente nas reuniões em Lima. A maioria das pessoas com quem Buiter conversou achava que esses países estavam atravessando uma crise de crescimento e não uma crise financeira.

A maioria pensa que são necessárias reformas estruturais em um grande número de países dos mercados emergentes para que eles possam retornar [a] algo parecido com as taxas de crescimento dos anos anteriores. Mas, à exceção de alguns poucos países (em especial a Índia), havia pouca expectativa quanto à probabilidade de acontecerem reformas estruturais que estimulem um crescimento significativo nos mercados emergentes.

3. Impactos de uma crise dos mercados emergentes nos mercados desenvolvidos. Como o crescimento dos mercados emergentes foi um motor do PIB mundial nos anos posteriores à crise financeira, muitos se mostraram preocupados sobre qual seria o impacto generalizado da desaceleração do crescimento dos mercados emergentes. Parecia haver otimismo nas reuniões.

Havia uma sensação de apreensão bastante generalizada de que os mercados desenvolvidos só seriam afetados moderadamente pela desaceleração dos mercados emergentes e de que, à exceção parcial dos grandes produtores de commodities do mercado desenvolvido (Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Noruega), eles ficariam “bem”.

4. Taxas de câmbio e fluxos de capital. Como a China desvalorizou sua moeda e surgiram rumores da chamada guerra cambial, seria impossível não falar das taxas de câmbio. A maioria das pessoas com quem Buiter conversou se sentia “confortável” com as decisões vistas até o momento, embora houvesse preocupação com os fluxos de capital.

Havia menos preocupação com os possíveis efeitos negativos da volatilidade da taxa de câmbio do que esperávamos. De certo modo contrastando com isso, também havia uma noção bastante difundida de que os fluxos internacionais de capital são uma fonte de vulnerabilidade para a economia mundial e para determinados países. Muitos participantes achavam que seria melhor a China priorizar a correção dos significativos desequilíbrios domésticos antes de tentar mais medidas de liberalização da conta de capital.

Você deve estar se perguntando o que o próprio Buiter achou das discussões.

“A maioria das avaliações sobre o panorama da economia mundial foi mais otimista do que as nossas próprias expectativas”, respondeu impassível o economista.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.