Por Justin Bachman.
De vez em quando, funcionários da Rockwell Collins oferecem um emprego de um dia aos moradores das redondezas de seu centro de design em Winston-Salem, na Carolina do Norte: ganhe US$ 100 para passar oito horas sentado no assento de um avião.
Se você topar, não verá nenhum carrinho de bebidas nem comissário de bordo por perto. As fileiras de assentos estão dispostas em uma área de teste no complexo de engenharia e design da empresa. Mesmo sem o zumbido do motor e os compartimentos superiores de bagagem, “é como se eles estivessem em um avião”, disse Alex Pozzi, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento neste campus da empresa.
Durante anos, pesquisadores de assentos da B/E Aerospace, que a Rockwell adquiriu em abril por US$ 8 bilhões, coletaram informações sobre a vida no ar. A maioria das pessoas fica bem durante duas horas. À medida que a terceira hora se aproxima, a rigidez aumenta e o conforto diminui. Depois de quatro horas, no entanto, consegue-se uma espécie de distensão do derièrre, e os níveis de desconforto diminuem. Afinal, quando você está preso dentro de um tubo hermeticamente fechado que avança a mais de 10.600 metros de altitude, é realmente inútil resistir.
Existem muitas razões para não gostar de viajar de avião: atrasos, tarifas e até o excesso de zelo das autoridades de segurança do transporte. Mas o encolhimento dos assentos e a dor, a claustrofobia e a raiva que eles podem provocar são indiscutivelmente o principal motivo que leva os passageiros a detestar as companhias aéreas. O assento moderno, com o poder de acomodar mais clientes em qualquer avião, é fundamental para a economia desse setor no século 21. Assentos mais finos e menos espaço para as pernas entre as filas — conhecido como “pitch” — permitiram a “densificação da cabine” em frotas nacionais e internacionais. Mais assentos, simplesmente, significam mais dinheiro e custos operacionais menores.
Há limites, no entanto, além das restrições físicas. Os órgãos reguladores exigem certa proporção entre o número de comissários e o de assentos, e as aéreas não querem elevar os custos trabalhistas. Mesmo assim, a tendência claramente foi espremer os passageiros. Antigamente, o pitch da classe econômica era de 86 a 89 centímetros, mas o novo normal é de 76 a 79 centímetros, e várias companhias deixam apenas 71 centímetros em voos curtos e médios. Em breve, no entanto, essa brincadeira de comprimir pode chegar ao fim.
A redução dos assentos e do espaço para as pernas passou a ser examinada por um poderoso tribunal federal de recursos dos EUA. Um painel de três juízes recentemente decidiu que os órgãos reguladores precisam pensar em definir padrões mínimos de espaço, concordando com alguns aspectos de uma ação coletiva de consumidores que alertou que a segurança está sendo comprometida. Em situações de emergência, a Administração Federal de Aviação dos EUA exige que aviões totalmente cheios sejam evacuados em 90 segundos ou menos.
“Este é o caso do incrível encolhimento do assento das companhias aéreas”, escreveu a juíza do tribunal superior dos EUA Patricia Ann Millett na decisão de 28 de julho. Seu tribunal, a Corte de Apelações dos EUA para o Distrito de Columbia, lida com a maioria dos casos que envolvem órgãos reguladores e normas federais, fato que pode fazer com que as companhias aéreas parem um pouco para decidir se continuarão diminuindo ainda mais o assento.
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