Ataque de Manchester coloca indústria de shows na defensiva

Por Lucas Shaw, Alexandre Boksenbaum-Granier e Joe Mayes.

O atentado suicida a bomba na Manchester Arena, na semana passada, está forçando as operadoras de espaços onde são realizados grandes eventos públicos a reavaliarem medidas de segurança e estudarem gastos maiores para tentar manter os visitantes seguros sem tirar toda a diversão da ida a um show ou a um grande evento.

O atentado, que matou 22 pessoas no momento em que os fãs deixavam o local de um show de Ariana Grande, lembrou a tragédia de Paris, há menos de dois anos, quando homens armados abriram fogo em um show de rock na discoteca Bataclan. A França está em estado de emergência desde aquele incidente de novembro de 2015 e o custo médio de segurança para festivais no país aumentou em cerca de 13.613 euros (US$ 15.000) por dia em 2016, segundo o Centro Nacional da Canção, das Variedades e do Jazz da França (CNV, na sigla em francês). Esses custos representam cerca de 2,7 por cento dos orçamentos totais dos festivais, informou o grupo.

O bombardeio de Manchester foi diferente dos incidentes anteriores devido à sofisticação do planejamento envolvido, disse Michael Downing, ex-vice-chefe de contraterrorismo do Departamento de Polícia de Los Angeles. Os investigadores disseram que o homem-bomba, que morreu no ataque, provavelmente contou com ajuda. Downing destacou a localização do ataque, que ocorreu entre a saída da arena e uma estação de trem, o momento da explosão, justamente quando o show estava terminando, e o fato de que a base de fãs de Ariana Grande é composta em grande parte por mulheres e meninas.

“Manchester foi um novo marco no setor de estádios/arenas”, disse Downing, que agora é vice-presidente executivo da Prevent Advisors, uma unidade da Oak View Group que trabalha com equipes esportivas e instalações para eventos. “É um alerta para dizer que não é possível desenvolver nenhum plano de segurança definitivo. É preciso acompanhar a evolução da ameaça.”

Mais segurança

As instalações para shows devem adotar medidas para aumentar a segurança durante todo o evento, e não apenas no início, quando a multidão está entrando e sendo revistada, disse Downing. Além disso, precisam manter uma relação estreita com a polícia, que pode oferecer recursos para ajudar, disse ele. Reforços militares defenderão possíveis alvos em todo o Reino Unido, disse a primeira-ministra Theresa May na semana passada, enquanto o ministro do Interior francês transmitiu instruções de segurança a organizadores de eventos.

Além da preocupação com o bem-estar dos fãs, o setor de shows tem em jogo o significativo interesse financeiro de garantir que as pessoas se sintam seguras para assistir a um show. As 100 maiores turnês mundiais geraram US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões por ano em receita de 2011 a 2016, segundo a Pollstar. O atentado a bomba de Manchester ocorreu no início da temporada de shows de verão (Hemisfério Norte), quando ocorre a maior concentração de apresentações em estádios e grandes festivais de música.

Para acompanhar as novas ameaças, as instalações podem precisar considerar medidas ainda mais avançadas, como tecnologias antidrones, cães capazes de farejar trilhas de vapor deixadas por pessoas que transportam explosivos e sofisticados sistemas de triagem, disse Downing, o ex-oficial da polícia de Los Angeles. Essas medidas, mais o treinamento dos funcionários, custam dinheiro, mas segundo ele o investimento vale a pena e não é exorbitante.

“Você não quer um ambiente de prisão ou um ambiente que deixe todo mundo nervoso”, disse ele. “Você ainda quer que seja alegre e divertido, mas existe um equilíbrio.”

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