Austrália busca domínio mundial de fornecimento de lítio

Por David Stringer.

O epicentro da disputa global pelo lítio é uma pequena região no norte da Austrália, rica em minério de ferro, onde o trabalho está sendo acelerado para entregar as futuras grandes minas do mundo destinadas a alimentar a crescente demanda dos fabricantes de baterias para veículos elétricos.

Quase 60 por cento da oferta dos grandes projetos planejados para os próximos cinco anos terá lugar na Austrália, o que permitirá ao maior fornecedor de lítio consolidar seu domínio sobre o mercado, de acordo com a CRU Group. As maiores minas que começarão a produzir no ano que vem ficam a cerca de 120 quilômetros de Port Hedland, a porta de acesso para os mercados da China.

A Pilbara Minerals tem como meta começar os embarques de seu projeto de Pilgangoora no segundo trimestre de 2018 e está avançando com as obras relativas a uma possível expansão. A vizinha Altura Mining afirma estar dentro do cronograma para começar a produzir no primeiro trimestre e também está se preparando para aumentar rapidamente a produção.

Junto com a mina próxima de Wodgina, da Mineral Resources — o maior depósito de lítio em rochas duras conhecido até agora –, esses e outros projetos formam um conjunto emergente de produção global, segundo a Altura e a Pilbara.

Se as expansões dos projetos avançarem como está planejado, a região “seria o maior centro de produção do mundo”, disse o CEO da Pilbara, Ken Brinsden, nesta quinta-feira em entrevista de Port Hedland. “Na minha opinião, isso aconteceria no começo ou em meados da década de 2020.”

Demanda

A crescente demanda chinesa por baterias de íon-lítio necessárias para os veículos elétricos e o armazenamento de eletricidade está dando muito impulso aos preços. Mais da metade dos carros novos vendidos e um terço da frota global de veículos será elétrica até 2040, disse a Bloomberg New Energy Finance em um relatório em julho.

Mesmo que a longo prazo surjam novas fontes de abastecimento, a Austrália continuará dominando, segundo projeções da Bloomberg New Energy Finance. O país representará cerca de 37 por cento da produção em 2027, acima da participação de 18 por cento da Argentina, afirmou em um relatório neste mês.

Contudo, o Macquarie Group alertou que existe uma perspectiva de baixa para os preços do lítio a corto e médio prazo, com “muitos produtores australianos de rocha se aglomerando” com projetos novos. O crescimento vertiginoso está ameaçando criar um período de excesso de oferta antes que o aumento da demanda por veículos elétricos absorva o excedente a partir de 2021, aproximadamente, disse o banco em uma nota neste mês.

Mesmo com uma onda de oferta nova, incluindo a australiana, o mercado de lítio provavelmente continuará ajustado, com uma perspectiva de demanda mais forte do que o previsto, de acordo com Lachlan Shaw, analista do UBS Group em Melbourne. “Houve um aumento da oferta neste ano e os preços do lítio não pararam de subir”, disse ele. “O mercado provavelmente está subestimando a demanda.”

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