Por Kevin Buckland, Shigeki Nozawa e James Mayger.
Está difícil sentir-se otimista em relação aos yields negativos dos títulos em ienes? A baixa recorde das negociações está te deprimindo? O Banco do Japão quer ouvir você.
O BOJ, como o banco central japonês é conhecido, realiza suas próprias pesquisas com investidores e dealers primários desde o ano passado, além de painéis de discussões do ministério das finanças com traders e economistas. Nunca antes as autoridades japonesas foram tão abertas a tantas vias de discurso com os participantes do mercado.
O nível maior de comunicação não evitou um êxodo no mercado de títulos. Os maiores bancos do Japão reduziram a negociação de dívidas soberanas do país ao menor nível da história em maio, quando nove em cada 10 investidores em uma pesquisa do BOJ disseram que o funcionamento do mercado havia decaído ou não havia melhorado. Os dealers primários disseram ao ministério das finanças, na semana passada, que alguns clientes temiam que 100 por cento dos yields se tornassem negativos, contra cerca de 85 por cento agora. Uma unidade do maior banco do país, o Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, estuda retirar-se como dealer primário depois que o Royal Bank of Scotland Group tomou essa decisão, há um ano, por temor que os estímulos da compra de títulos pelo banco central estejam distorcendo o mercado.
“O investimento como negócio já não faz sentido em um mercado onde a liquidez está diminuindo, enquanto o trading está em declínio”, disse Hidenori Suezawa, analista monetário e fiscal da SMBC Nikko Securities em Tóquio. “O problema é que simplesmente não existem títulos suficientes para negociar, por isso não faz diferença se as autoridades melhoram a comunicação com o mercado. Eles precisam perceber isso”.
O volume de negociações entre os maiores bancos caiu em um terço em maio, para 10 bilhões de ienes (US$ 98 milhões), em relação ao mês anterior, segundo a Associação de Negociantes de Títulos do Japão. A média da última década é de 40 bilhões de ienes.
Os yields estão negativos para prazos de até 15 anos, com a nota de referência de 10 anos rendendo -0,26 por cento nesta sexta-feira em Tóquio, uma baixa recorde. No início do ano, rendia 0,27 por cento.
“Os yields ficaram muito abaixo dos níveis em que vale a pena mantê-los”, disse Toru Suehiro, economista sênior de mercado do Mizuho Securities em Tóquio. “O BOJ aceitou que a negociação reduzida de títulos é um efeito colateral de seu programa de estímulos sem precedentes. Eles costumavam falar sobre o problema em suas reuniões com os participantes do mercado de títulos, mas parece que meio que desistiram disso agora”.
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