Por David Biller e Mario Sergio Lima.
O principal candidato de direita à presidência do Brasil provavelmente escolherá um membro da antiga família real brasileira ou um general como companheiro de chapa, segundo Eduardo Bolsonaro, filho e colega dele no Congresso.
O ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro negocia com Luiz Philippe de Orléans e Bragança, descendente do último imperador do Brasil, e Antonio Hamilton Mourão, general da reserva do Exército, disse o Bolsonaro mais jovem, em entrevista.
“Precisamos de alguém honesto, e ambos são limpos. Ambos com certeza são patriotas. E eles têm um alto nível intelectual para ajudar com o governo e para lidar com o Congresso”, disse Eduardo Bolsonaro, no escritório da Bloomberg em Nova York. “Estamos à procura de um vice-presidente não para ganhar a eleição, mas para governar o Brasil.”
O candidato à presidência anunciará o escolhido em 5 de agosto. Ele conta com cerca de 20 por cento das intenções de voto, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que provavelmente será impedido de concorrer.
Orléans e Bragança é um cientista político com formação pela Universidade de Stanford e trabalhou para o JPMorgan Chase em Londres. Ele foi também líder do movimento político Acorda Brasil, que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O general Mourão ganhou os holofotes no ano passado com comentários vistos como de apoio à intervenção militar em meio à corrupção generalizada.
Orléans e Bragança não respondeu imediatamente aos telefonemas e e-mails. Mourão disse que aguarda a decisão, e que seria “uma honra e um privilégio” ser escolhido.
Apoio conservador
Bolsonaro cultivou seguidores fieis atacando valores progressistas e adotando uma postura linha-dura para assuntos de legislação e de ordem. A postura encontra eco em muitos brasileiros em meio a uma onda de crimes violentos e grandes revelações de corrupção que desacreditaram o establishment político. Qualquer dos dois possíveis parceiros de chapa provavelmente satisfaria os grupos de extrema direita que exigem intervenção militar ou o retorno da monarquia, que terminou em 1889.
Nenhum dos dois necessariamente traria muitos votos, segundo Juliano Griebeler, analista político da consultoria Barral M. Jorge. “É mais uma consolidação de suas propostas e valores”, disse.
Embora Bolsonaro seja consideravelmente mais forte entre os homens do que entre as mulheres, a escolha de uma mulher como parceira de chapa provavelmente não atrairia mais votos, pelo menos não no primeiro turno, segundo Silvio Cascione, analista político da Eurasia Group. Apesar da forte especulação de que seria companheira de chapa de Bolsonaro, no momento é improvável que a advogada Janaína Paschoal — coautora do pedido de impeachment de Dilma — seja vice do candidato, segundo o filho dele.
A escolha do vice-presidente influi diretamente no tempo de propaganda gratuita na televisão. Como Orléans e Bragança pertence ao PSL de Bolsonaro e o PRTB de Mourão é um partido pequeno, qualquer das escolhas deixaria o candidato com poucos segundos preciosos para seduzir os eleitores brasileiros.
Isso pouco preocupa Eduardo Bolsonaro, que ressaltou que o número de seguidores de seu pai nas redes sociais é quase duas vezes superior ao dos demais, incluindo Lula. Esse grande apoio também permite que Bolsonaro tenha mais liberdade para escolher um companheiro de chapa sem fazer concessões a grandes partidos, disse o Bolsonaro mais jovem.
“Se você deixar que outro partido indique alguém totalmente diferente de você — que queira manter o Estado grande ou conservar seus privilégios –, você começará o governo com problemas dentro de casa, e nós não podemos fazer isso”, disse ele. “Precisaremos de um governo que possa aprovar as reformas de que o Brasil precisa.”
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