Por Charles Penty.
O Brasil continua ajudando o Banco Santander.
O maior banco da Espanha divulgou na quarta-feira um salto de 26 por cento no lucro do quarto trimestre no Brasil, maior colaborador individual do resultado final do banco, ajudando a presidente do conselho, Ana Botín, a registrar seu terceiro ano consecutivo de aumento nos ganhos. A maior economia da América Latina compensa a queda no Reino Unido, segunda maior fonte de lucro do Santander, onde o colapso da construtora Carillion e a incerteza em torno do Brexit estão prejudicando os negócios.
Desde que assumiu o banco após o falecimento do pai, Emilio, arquiteto da expansão internacional do banco, Botín defendeu os negócios do Santander no Brasil, mesmo quando a turbulência econômica e a crise causada pela corrupção derrubaram a moeda e afastaram os investidores. Agora, com a melhora da perspectiva, o Brasil é o facho de esperança em um negócio que ainda sofre com os juros ultrabaixos na Europa.
“O Brasil tem sido, é claro, a estrela principal”, disse Botín em entrevista à Bloomberg Television. “A América Latina como um todo tem se saído muito bem.”
O Santander construiu sua presença no Brasil por meio de aquisições, como a compra do Banespa no Estado de São Paulo em 2000 e a aquisição do Banco Real, uma unidade do ABN Amro, em 2007. A unidade virou peça central da expansão do banco nos mercados emergentes latino-americanos e atualmente é o terceiro maior banco não estatal do Brasil.
Prejuízo com Carillion
No início do mês, o Fundo Monetário Internacional elevou a perspectiva de crescimento do Brasil em 2018 para 1,9 por cento em meio aos preparativos do país para as eleições, no fim do ano. As ações da unidade brasileira do Santander subiram quase 50 por cento desde que atingiram o patamar mais baixo, em abril do ano passado.
O lucro atribuível ao Brasil subiu para 642 milhões de euros no quarto trimestre, segundo o Santander, superando a estimativa de consenso de 594 milhões de euros compilada pelo banco. O Brasil agora representa mais de um quarto de todo o lucro obtido nos mercados da empresa.
No Reino Unido, os prejuízos com baixas contábeis de empréstimos quase triplicaram no ano cheio, para 203 milhões de libras (US$ 287 milhões), refletindo principalmente o colapso da Carillion. A construtora britânica dona de contratos com o governo em tudo, desde hospitais até projeto de trem de alta velocidade, faliu no início do mês devido a um acúmulo de dívidas.
O “Reino Unido provavelmente será o mercado mais desafiador para nós no ano que vem, os volumes e as margens continuarão sob alguma pressão”, disse Botín em conferência com analistas.
O Banco Popular Español, instituição falida adquirida pelo Santander em junho, gerou um pequeno lucro no quarto trimestre, informou o Santander.
“São bons resultados que claramente superaram as expectativas do mercado”, disse Gonzalo López, analista da Mirabaud & Cie em Madri. “A boa notícia vem do Brasil, onde os negócios vão muito bem.”
Outros destaques do relatório:
– Lucro líquido de 1,54 bilhão de euros no quarto trimestre, contra estimativa de 1,46 bilhão de euros (faixa de 1,34 bilhão a 1,54 bilhão de euros) (dados da Bloomberg);
– Lucro na Espanha subiu 12 por cento em relação ao ano anterior, para 265 milhões de euros, impulsionado pela receita maior com comissões
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