Café esquiva queda das commodities graças à redução da safra do Brasil

Por Isis Almeida.

O café está na contramão da queda das commodities porque grãos menores no Brasil, o maior produtor mundial, ameaçam reduzir a safra deste ano, levando especuladores a comprar.

Os futuros de café arábica deram um salto de 2,5 por cento na bolsa ICE Futures U.S. para o maior valor em mais de seis semanas e prolongaram o ganho de 4,5 por cento obtido na segunda-feira. Os grãos tiveram seu maior avanço no Bloomberg Commodity Index na terça-feira. O indicador com 22 matérias-primas caiu 1,6 por cento.

A safra do Brasil se contrairá neste ano porque os grãos de menor tamanho acarretam um número menor de sacas de 60 quilos, segundo a Terra Forte Exportação e Importação, a quarta maior exportadora do país. As preocupações com a oferta reduzida levaram os especuladores a reduzir em 16 por cento suas apostas na queda dos preços na semana encerrada em 4 de agosto, segundo a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC, na sigla em inglês).

Grãos menores “impactariam, por sua natureza, no peso total da nova safra de café arábica do Brasil”, disse a I&M Smith Ltd., uma trader com sede em Johannesburgo, em seu site. Caso consiga se sustentar, o renovado otimismo no mercado de Nova York “poderia deslocar o mercado para uma faixa de trading mais positiva”.

Os futuros para entrega em setembro chegaram a US$ 3 por quilo em Nova York, o preço mais alto desde 26 de junho.

O Bloomberg Commodity Index recuou depois que a China, a maior usuária de energia, metais e grãos, desvalorizou sua moeda, aumentando o custo das importações e alimentando a especulação de que a demanda por matérias-primas diminua.

Grãos maiores

Provavelmente a safra do Brasil seja de 45 milhões a 47 milhões de sacas, disse Jayme Leme Neto, gerente de exportações da Terra Forte, em 5 de agosto. A exportadora tinha estimado uma colheita de 47,3 milhões de sacas em maio. Os especuladores reduziram a posição líquida curta, isto é, as apostas na queda dos preços, para 24.300 contratos nos sete dias encerrados em 4 de agosto, contra 29.014 contratos na semana anterior, mostraram dados da CFTC.

Grãos de maior tamanho já estão conseguindo um preço mais alto no mercado brasileiro, disse a corretora Flavour Coffee, com sede no Rio de Janeiro, em um relatório enviado por e-mail no dia 6 de agosto.

Um preço mais alto por grãos maiores “tende a confirmar a realidade deste problema”, disse a I&M Smith.

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