Carne pode ser tributada para reduzir emissões de poluentes

Por Emily Chasan.

Depois do carvão e do açúcar, o próximo alvo possível de um imposto global é a carne.

Alguns investidores apostam que governos de todo o mundo encontrarão uma forma de começar a tributar a produção de carne com o objetivo de melhorar a saúde pública e cumprir as metas estabelecidas para as emissões no Acordo Climático de Paris. Investidores com um foco social começam a pressionar por uma diversificação das empresas para proteínas vegetais, ou até mesmo a sugerir que os produtores de gado utilizem “preço sombra” para a carne — semelhante a um preço interno de carbono — para estimar os custos futuros.

A carne pode ter o mesmo destino do tabaco, do carvão e do açúcar, atualmente tributados em 180, 60 e 25 jurisdições em todo o mundo, respectivamente, segundo relatório do grupo de investidores FAIRR (Farm Animal Investment Risk & Return) Initiative. Parlamentares da Dinamarca, da Alemanha, da China e da Suécia debateram a criação de impostos relacionados à pecuária nos últimos dois anos, ideia que encontrou forte resistência.

As emissões de gases causadores do efeito estufa provenientes do gado representam cerca de 14,5 por cento do total mundial, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que projeta aumento de 73 por cento no consumo global de carne até a metade do século devido ao aumento da demanda em economias como Índia e China. Isto pode resultar em até US$ 1,6 trilhão em custos de saúde e ambientais para a economia global até 2050, segundo a FAIRR, uma iniciativa com sede em Londres criada pela Coller Capital.

“Os investidores começam a considerar a questão de forma semelhante à avaliação do risco climático”, disse Rosie Wardle, que gerencia compromissos de investidores na FAIRR. “Está mais aceitado agora que precisamos enfrentar a questão da produção e do consumo de gado para atingir o limite de aquecimento global de 2 graus.”

O jornal The Guardian publicou reportagem sobre o relatório da FAIRR na segunda-feira.

Bebidas açucaradas

O possível impacto de um imposto sobre a carne pode ser semelhante aos impostos aplicados ao açúcar. Embora os impostos sobre o açúcar, destinados a combater a obesidade nos EUA, tenham enfrentado certa resistência, taxas similares foram aplicadas em 18 países e em seis cidades dos EUA, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence. Quando o México estipulou um imposto especial sobre as bebidas açucaradas, em 2014, o consumo per capita dessas bebidas no país caiu 6 por cento em 2014, 8 por cento em 2015 e 11 por cento no primeiro semestre de 2016, segundo o Instituto Nacional de Saúde Pública do México.

A ideia de taxar a carne tem sido limitada pelo temor de criar uma reação política ao tributar os agricultores, afirmou a FAIRR no relatório.

Um fundo de capital de risco de propriedade da Tyson Foods fez na semana passada o segundo investimento na Beyond Meat. A empresa produz um hambúrguer de base vegetal que também conta com o apoio do bilionário Bill Gates e de Leonardo DiCaprio e é vendido em milhares de supermercados e restaurantes dos EUA. A Tyson comprou uma participação inicial de 5 por cento na criadora do hambúrguer no ano passado, seguindo a proposta da acionista Green Century Capital Management, que solicitou que a potência do setor aviário analisasse mais oportunidades no ramo de proteínas à base de plantas.

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