Por Jessica Shankleman.
O crescimento dos carros movidos a bateria pode ser tão perturbador para o mercado do petróleo quanto a guerra por participação de mercado da Opep que desencadeou o colapso do preço em 2014, possivelmente eliminando centenas de bilhões de dólares em valor das produtoras de combustíveis fósseis na próxima década.
Cerca de 2 milhões de barris por dia de demanda por petróleo poderão ser eliminados pelos veículos elétricos em 2025, o equivalente em tamanho ao excesso de oferta que gerou a maior crise da indústria do petróleo em uma geração nos últimos três anos, segundo pesquisa da Imperial College London e da think tank Carbon Tracker Initiative publicada nesta quinta-feira. Uma perda de participação de mercado similar de 10 por cento provocou o colapso da indústria de mineração de carvão dos EUA e reduziu em mais de 100 bilhões de euros (US$ 108 bilhões) o valor das empresas de energia europeias entre 2008 e 2013, informa o relatório.
As grandes petroleiras estão despertando para a possível perturbação que os veículos plug-in podem provocar em seu setor. A BP afirma que os veículos elétricos, ou VEs, poderiam eliminar até 5 milhões de barris por dia nos próximos 20 anos, enquanto analistas da Wood Mackenzie dizem que poderiam eliminar até 10 por cento da demanda global por gasolina no mesmo período. A demanda global por petróleo poderia atingir o pico dentro de apenas cinco anos, segundo o diretor financeiro da Royal Dutch Shell, Simon Henry.
Até 2040, 16 milhões de barris por dia de demanda por petróleo poderiam ser substituídos, quantidade que subiria para 25 milhões em 2050, um “forte contraste em relação ao crescimento contínuo da demanda por petróleo esperado pelo setor”, informa o relatório. O impacto sobre a indústria do petróleo poderia superar o da queda de preços de 2014 a 2016 que “eliminou centenas de bilhões em despesas de capital”, disse Stefano Ambrogi, porta-voz do Carbon Tracker Institute, por e-mail.
O custo dos VEs já está caindo mais rapidamente do que as projeções anteriores. Eles poderiam alcançar a paridade com os veículos convencionais de combustão interna até 2020 e finalmente saturar o mercado de veículos de passageiros até 2050, afirma o relatório.
Os VEs poderão tomar 19 por cento a 21 por cento do mercado de transporte rodoviário até 2035, segundo os pesquisadores. A fatia representa três vezes a projeção da BP, de 6 por cento de participação de mercado em 2035. Até 2050 os VEs compreenderiam 69 por cento do mercado de transporte rodoviário, enquanto os carros movidos a petróleo responderiam por cerca de 13 por cento.
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