Por Javiera Quiroga.
A presidente Michelle Bachelet disse que seu governo colocou as bases para fazer o que nenhum outro governo chileno conseguiu em meio século – fazer com que o país deixe de depender do cobre.
A ênfase na produtividade, na inovação, na educação e na pesquisa está transformando a cultura econômica do país, disse Bachelet na sexta-feira, em entrevista do palácio presidencial em Santiago. A presidente socialista fez essas declarações em momentos em que inicia o último ano de seu segundo mandato de quatro anos.
“Estou convencida de que dentro de 10 anos, espero que antes, com todas as coisas que estamos fazendo com a agenda da produtividade, com o crescimento, o Chile vai ser uma economia muito mais diversificada”, disse Bachelet. “Podemos fazer esse salto para o desenvolvimento.”
A década do boom do cobre, que acabou em 2014, deixou o Chile próximo do status de país desenvolvido, com um PIB per capita perto de níveis vistos em países como Portugal. Depois, os preços do cobre caíram e a previsão do ex-presidente Sebastián Piñera de que o Chile seria um país desenvolvido em 2018 de repente pareceu muito ambiciosa. Agora, segundo Bachelet, o Chile está lançando as bases para dar esse salto final.
Crescimento lento
Após a forte queda dos preços do cobre, o Chile registrou os três anos de crescimento mais lento desde o colapso econômico de 1981. Ao mesmo tempo, as variedades do cobre estão diminuindo, tornando o Chile menos competitivo em relação a outros países ricos em commodities, como o Peru.
Apesar de o governo de Bachelet ter enfatizado a campanha pela produtividade, muitos a criticaram por focar em redistribuir a riqueza, em vez de criá-la. Um imposto de 2014 aumentou a arrecadação fiscal em 3 pontos percentuais do PIB para financiar o gasto em educação e saúde. Ao mesmo tempo, leis trabalhistas fortaleceram os direitos de negociação dos sindicatos.
“Os filhos da democracia são muito mais exigentes, cientes de seus direitos; eles querem mais transparência, mais responsabilidade”, disse Bachelet. “Isso se chama desenvolvimento. Você pode aprovar ou não, mas sempre haverá mais expectativas.”
Líderes industriais culpam o programa de reformas da presidente por minar a confiança das empresas, esfriando o investimento e o crescimento e exacerbando o impacto da queda dos preços do cobre. A popularidade de Bachelet caiu para 19 por cento em agosto do ano passado, o menor índice de aprovação de um presidente chileno desde pelo menos 2006, segundo pesquisas de GfK-Adimark, arrastada pelas acusações de propinas envolvendo seu filho.
Bachelet disse que continua determinada a implementar o resto do seu pacote de reformas; reformar o sistema de previdência privada, aprovar mais dois projetos de educação, finalizar as propostas para uma nova constituição e legalizar o aborto em alguns casos.
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