China pode desbancar América do Norte em captura de carbono

Por Bloomberg News.

A China deverá desbancar a América do Norte e assumir a liderança na nova onda de projetos de captura e armazenagem de carbono após o avanço de seu primeiro empreendimento em grande escala com a tecnologia.

A construção do Projeto Integrado de Captura e Armazenagem de Carbono de Yanchang já pode começar agora que foi tomada a decisão final de investimento para avançar com o local de demonstração, segundo o Global CCS Institute, organização sem fins lucrativos que ofereceu apoio técnico e de assessoria à iniciativa.

O projeto foi realizado como parte do acordo de 2015 da China com os EUA para combater a mudança climática. Quando concluído, será capaz de capturar 410.000 toneladas de carbono por ano. Este é um dos oito projetos em grande escala de captura e armazenagem de carbono (CCS, na sigla em inglês) — em diferentes estágios de avaliação e sujeitos a aprovação — que a China está estudando, segundo Tony Zhang, conselheiro sênior do instituto.

Dos 16 projetos de CCS em grande escala ao redor do mundo, dois terços estão na América do Norte, segundo a Agência Internacional de Energia, que tem sede em Paris. Quatro dos cinco novos projetos em construção também estão baseados no Canadá ou nos EUA.

A nova onda de projetos, contudo, deverá acontecer na China, que responde por cerca de metade de todos os projetos de CCS sob análise ou planejamento sério, disse a analista da AIE Samantha McCulloch, em apresentação em Pequim, na segunda-feira. Em 2020, a China terá 330 gigawatts de usinas movidas a carvão que poderiam ser reconfiguradas com tecnologia de redução de emissões, disse ela.

Tecnologia importante

CCS “é um importante conjunto de tecnologias para reduzir as emissões do uso do combustível fóssil que permite que recursos importantes como o carvão continuem contribuindo para a segurança energética e para os objetivos econômicos”, disse McCulloch.

O projeto em Yulin, uma região mineira localizada a cerca de 900 quilômetros a sudoeste de Pequim, injeta dióxido de carbono liberado pelo carvão em campos esgotados, onde o mistura com petróleo dentro da formação, permitindo que o petróleo destinado à produção seja transferido para poços adjacentes.

O projeto trabalha com cerca de 12 por cento de sua capacidade total, ou 50.000 toneladas por ano, segundo o instituto. A China atualmente possui cerca de 950.000 toneladas de capacidade operacional de captura, disse Zhang no instituto CCS.

Tempo necessário

A desenvolvedora de projetos Shaanxi Yanchang Petroleum Group não respondeu aos vários telefonemas em busca de comentário.

A tecnologia precisará contribuir com cerca de 15 por cento das reduções das emissões globais para atingir a meta do acordo de Paris de manter o aquecimento da atmosfera bastante abaixo de 2 graus Celsius. Os investimentos em CCS, no entanto, foram paralisados e permaneceram inalterados em 2016, em US$ 184,4 bilhões, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

O alto investimento de capital inicial, o tempo necessário para atingir retornos e a falta de casos comerciais suficientes estão entre as preocupações que atrasam os investimentos em CCS, disse McCulloch, da AIE.

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