Por Catherine Bosley.
Se você quiser estar no epicentro do crescimento global nas próximas décadas, não é má ideia se mudar para um lugar como Kigali, Foshan ou Belo Horizonte. Isto porque muitas cidades que hoje ainda são comparativamente periféricas em termos globais se tornarão grandes colaboradoras para o desempenho econômico graças ao rápido crescimento populacional, segundo um novo relatório do economista James Pomeroy, do HSBC.
Os países mais ricos são mais urbanizados hoje, mas a proporção entre moradores das áreas urbana e rural dos mercados emergentes deverá subir dos atuais 50 por cento para 63 por cento em 2050, segundo o estudo, baseado em pesquisas da McKinsey e da Organização das Nações Unidas.
Em 2050, cerca de 5 bilhões de pessoas — mais da metade da população mundial — viverão em cidades dos mercados emergentes e responderão por mais da metade do crescimento do produto interno bruto global.
“Com a ascensão das cidades de médio porte dos mercados emergentes, tanto em termos de tamanho quanto de riqueza, os investidores precisarão se concentrar mais nos mercados emergentes e nas decisões políticas que estão sendo tomadas nestes lugares”, diz Pomeroy. “Essas cidades começarão a desempenhar um papel cada vez mais protagonista na economia mundial e entender o que acontece nelas será ainda mais importante.”
O significado disso é que as autoridades terão que equilibrar os aspectos positivos da urbanização — economias de escala, melhor produtividade e infraestrutura, encontros fortuitos que levam a novas ideias — e os possíveis aspectos negativos, na forma de aumento da criminalidade, poluição e trânsito perpetuamente congestionado. Se isso não for feito, esses efeitos negativos poderão prejudicar o potencial econômico, diz Pomeroy.
De fato, a China está concentrando suas esperanças em cidades melhores na construção da Nova Área de Xiongan, pensada para ser um modelo de desenvolvimento urbano a duas horas da capital Pequim. O objetivo do presidente chinês, Xi Jinping, é transformar uma cidade atualmente tranquila em um polo para empresas inovadoras e em válvula de escape para a sobrecarregada capital.
Contudo, as áreas urbanas que experimentam o maior aumento populacional provavelmente são as da África. Kigali, capital de Ruanda, deverá ver sua população de 1,3 milhão de habitantes dobrar nos próximos 15 anos. Para ajudar a se preparar para isso, a cidade desenvolveu um plano diretor para transportes e habitação com o objetivo de ser uma cidade sem favelas.
O crescimento sem planejamento é um efeito comum da urbanização rápida, e cidades como Dhaka, Karachi e Lagos são a prova. Mesmo assim, elas estão entre as 10 cidades mais populosas do mundo, segundo o estudo. Em 2030, 81 das 100 cidades mais populosas do planeta estarão em mercados emergentes.
Por outro lado, nos mercados desenvolvidos, onde as populações estão envelhecendo, a parcela de pessoas que vivem em cidades pode já ter atingido o pico.
“Cidades sobre as quais os investidores ocidentais podem não ter ouvido falar”, diz Pomeroy, “poderão contribuir mais para o crescimento do PIB global do que Genebra, Berlim ou Milão”.
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