Citi vê tendência de alta nas commodities e Goldman discorda

Por Luzi Ann Javier e Megan Durisin.

Para quem aposta na alta das commodities, finalmente pode ter chegado o momento de soltar a respiração.

Há um coro crescente de vozes e um aumento do dinheiro de investimento sinalizando que o pior da crise das commodities já passou. Quem lidera o time é o Citigroup, banco que saiu na frente da concorrência em 2012 quando os analistas declararam o fim do superciclo de aumento da demanda e dos preços. Agora, o banco projeta que, com o dólar desvalorizado e a estabilização da economia da China, a maior parte dos mercados tocou terra firme.

As matérias-primas estão prestes a entrar em um bull market após cinco anos seguidos de quedas nos preços provocadas pela desaceleração da demanda chinesa e pelos excedentes globais da maioria dos metais, grãos e produtos de energia. Nem todos creem que as nuvens negras se dissiparão. O Goldman Sachs não vê “mudança sustentável nos fundamentos” e afirma que as taxas de juros mais elevadas nos EUA manterão a perspectiva pessimista. Mas os hedge funds continuam otimistas. Suas apostas combinadas em uma alta são as maiores desde 2014.

“É provável que tenhamos tocado o piso no mercado de commodities como um todo”, disse Fiona Boal, diretora de pesquisa de commodities da Fulcrum Asset Management em Londres, que administra cerca de US$ 4 bilhões. “E talvez o mais importante é que vimos o começo de uma das maiores respostas à oferta, necessária após períodos de preços baixos”, o que está forçando cortes em minas, fazendas e campos de petróleo, disse ela.

Bull markets

O índice Bloomberg Commodity, que compila os retornos de 22 itens, subiu 17 por cento em relação à mínima recorde registrada no fechamento de 20 de janeiro. Um ganho de 20 por cento representaria a definição comum de bull market. A soja, o ouro, a prata, o petróleo e o café ultrapassaram esse limite nos últimos meses. O índice subiu 8,5 por cento em abril, maior avanço mensal desde 2010.

Os investidores despejaram US$ 18,5 bilhões em fundos internacionais negociados em bolsa respaldados por matérias-primas neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os ativos investidos em hedge funds de commodities, ETFs e índices passivos somaram US$ 315 bilhões, maior nível desde maio de 2015, disse o Citigroup em um relatório de abril.

As empresas do setor de energia responderam aos preços mais baixos do petróleo desde 2003 cortando investimentos na exploração e no desenvolvimento de novos campos. O número de plataformas de petróleo ativas nos EUA caiu para 332 na semana passada, menor total desde novembro de 2009, segundo a Baker Hughes. A produção de petróleo dos EUA está caindo de forma constante desde meados de 2015, mostram dados do governo. Os futuros do petróleo apresentaram declínio, de cerca de US$ 108 por barril em 2014 para quase US$ 26 em fevereiro, depois subiram para US$ 46,78 na semana passada, maior valor em cinco meses.

A oferta pelo cobre também está diminuindo. Os estoques combinados monitorados pelas bolsas de Londres, Xangai e Nova York encolheram 15 por cento em relação ao pico registrado em março.

Quanto aos alimentos, as inundações na Argentina e no Uruguai reduziram a colheita de soja sul-americana, prejudicando ainda mais a produção global, que será 6,6 milhões de toneladas menor que a projetada no mês passado, disse a Oil World em um relatório enviado por e-mail em 3 de maio. A seca no Brasil ameaçou a produção de milho, enquanto a oferta de açúcar deverá ficar abaixo da demanda porque o clima seco na Índia e na Tailândia limitou a produção.

A perspectiva pessimista do Goldman se baseia, em parte, na expectativa de que o Fed elevará as taxas de juros três vezes neste ano, enquanto o Citigroup aposta em um máximo de dois aumentos. Os juros mais elevados conduzirão a um dólar mais forte, derrubando os preços do ouro e do cobre, disse o Goldman em um relatório, em 22 de abril.

“O retorno do fluxo de dinheiro de investimento para as commodities ocorreu muito mais rapidamente do que esperávamos”, disse David Wilson, analista do Citigroup em Londres, em entrevista por telefone em 25 de abril.

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