Cofco vê risco de falta de café por safras de Colômbia e Brasil

Por I. Almeida.

O mercado do café pode enfrentar escassez na próxima safra devido aos riscos para a colheita na Colômbia e ao fato de o Brasil, o maior produtor mundial, estar na fase de menor rendimento de um ciclo de dois anos, segundo a Cofco International.

As chuvas intensas e os preços mais baixos estão atrasando a colheita e as vendas da safra intermediária na Colômbia, segunda maior produtora da variedade arábica, a preferida da Starbucks. A chuva atrasou o amadurecimento das plantas e levou a uma floração menor e mais dispersa para a próxima safra, o que poderia limitar o potencial da colheita, disse Joseph Reiner, chefe global de café do braço de trading da maior empresa de alimentos da China.

A possível redução da oferta da Colômbia coincide com a safra menor do Brasil, o maior produtor, que atualmente está na fase de colheita. A produção global será inferior à demanda em 4,4 milhões de sacas na temporada 2017-2018, que começa em outubro na maioria dos países, estima a Marex Spectron Group, e a projeção da Cofco está próxima disso, disse Reiner, que preferiu não informar um número exato.

“Esse atraso na safra intermediária resulta do excesso de chuva e de preços que não oferecem o incentivo necessário para que os agricultores vendam”, disse Reiner, em entrevista por telefone, na terça-feira. “Tudo isso estressa as plantas, e quando vimos situações similares no passado, a colheita seguinte sofreu impacto. Fizemos um alerta para a próxima safra principal.”

Os futuros do arábica recuperaram cerca de 12 por cento de seu valor desde que atingiram o menor patamar em 15 meses, em junho, em Nova York. Em Londres, a variedade robusta subiu 15 por cento em relação ao menor patamar em sete meses, registrado em abril.

A chuva pesada provocou uma queda de 9 por cento na produção de café de junho na Colômbia após um declínio de quase 23 por cento em maio, segundo dados da Federação Colombiana de Cafeicultores. O país geralmente colhe uma safra menor conhecida como “mitaca” a partir de abril e a colheita da safra principal começa em outubro.

Os produtores brasileiros já estão colhendo a safra 2017-2018 e a produção cairá porque as plantas estão na metade inferior de seu ciclo de rendimento. Os traders estimam que a produção totalizará 48 milhões a 52 milhões de sacas e a estimativa da Cofco está aproximadamente no meio dessa faixa, disse Reiner. A empresa conduzirá outro estudo sobre a safra brasileira quando a colheita estiver em 50 por cento a 60 por cento, disse ele.

“Quando olhamos para a demanda, para o que sabemos sobre a mitaca e o Brasil até o momento, e olhamos para o Vietnã, vemos que há uma boa possibilidade de escassez”, disse ele.

A produção aumentará na próxima temporada no Vietnã, maior produtor de robusta, mas a área plantada de café estagnou em meio à mudança para a pimenta nos últimos anos, disse Reiner. A produção de café nesta safra e na próxima será de cerca de 26 milhões a 27 milhões de sacas em média, estima a Cofco.

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