Commodities, títulos superam moedas, ações europeias no 1S

Por Phil Kuntz.

Se você começou o ano apostando em títulos de governos, commodities e ações de mercados emergentes, parabéns. Se colocou o dinheiro em fundos de moedas reguladas e ações europeias, meus pêsames.

Foram seis meses loucos:

O mercado acionário da China começou o ano colapsando porque a economia do país está desacelerando – embora esteja crescendo pelo menos três vezes mais rapidamente do que a maioria dos países desenvolvidos. O Reino Unido votou por abandonar a União Europeia – e acabou com a carreira política do líder da campanha vitoriosa. Um empresário sem experiência política se tornou o presumível candidato republicano à presidência dos EUA dizendo coisas que afundariam outros concorrentes e prometendo reverter décadas da doutrina sagrada do partido sobre o comércio e outros assuntos. E a moeda, as ações e os títulos do Brasil figuraram entre os mais fortes do mundo – só porque os legisladores iniciaram o processo de impeachment contra a presidente.

A seguir, uma análise sobre como os mercados reagiram a isso tudo:

Resumo

O maior vencedor do primeiro semestre de 2016 foram as commodities, com altas em todos os recursos de importância, exceto o trigo e o algodão, encabeçadas pela prata, pela soja e pelos combustíveis. O Bloomberg Commodity Index ganhou 13 por cento, impulsionado pela recuperação do petróleo após a queda súbita do ano passado.

O índice Citi Parker Global Currency Manager, que monitora o desempenho dos traders cambiais, fechou com uma queda de 0,5 por cento. Entre as principais moedas do mundo, o real registrou o maior avanço, e a libra, o maior recuo. O índice MSCI All World de ações de mercados desenvolvidos e emergentes caiu menos de 0,1 por cento. As regiões emergentes apresentaram rendimento superior ao das desenvolvidas.

Títulos

A dívida soberana registrou o melhor desempenho na renda fixa porque quase todas as classes de papéis avançaram, embora mais de um quarto dos US$ 33 trilhões em valores do mercado de renda fixa tenha yields negativos, segundo a Bloomberg Intelligence. Uma das melhores: a dívida britânica, que atraiu muitos interessados em refúgio como consequência do triunfo do Brexit.

Ações

A Nova Zelândia e o Canadá, dois países produtores de commodities, foram os que mais ganharam no mundo desenvolvido por ampla margem. Ambos avançaram aproximadamente o dobro do que o terceiro colocado, o Reino Unido, cujo índice FTSE 100 cresceu 4,2 por cento. Na maioria dos casos, os mercados acionários não emergentes tiveram desempenhos ruins, e quase todos acabaram caindo, encabeçados pela Itália e pelo Japão.

As ações na Argentina, um mercado de fronteira, foram as que melhor se saíram no mundo em desenvolvimento e encerraram o semestre quebrando um recorde após terem entrado em colapso no fim de 2015, embora o índice do MSCI para os países menos desenvolvidos tenha caído. A China, o maior mercado emergente, foi a que pior se saiu, embora o indicador de referência para esses países tenha subido.

Moedas

Os traders cambiais não se saíram muito bem, mas isso não significa que não houve vencedores e perdedores. O real brasileiro encabeçou os ganhos graças ao processo de impeachment pendente contra a presidente Dilma Rousseff.

No final da lista está a libra esterlina, graças ao triunfo do Brexit, que provou um colapso sem precedentes de 8,1 por cento em um único dia, o dobro do recorde anterior para um dia, de 1992. Por outro lado, os especialistas cambiais consultados pela Bloomberg projetam que ela será a melhor moeda de importância no segundo semestre.

As projeções dos analistas para a pior: o real.

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