Como será a vida após a transição da LIBOR?

Começou a contagem regressiva para o fim da aplicação da LIBOR (London Interbank Offered Rate), taxa financeira de referência diária para cálculo de juros, que deve deixar de existir a partir de dezembro de 2021.

A LIBOR é a referência mais importante do mercado mundial para taxas de juros flutuantes, usada como base para diversos tipos de operações como renda fixa, derivativos e linhas de crédito. Inúmeros contratos com esse indexador precisarão ser readequados às novas taxas RFR (risk free rates), que estão sendo criadas por bancos centrais ao redor do mundo.

As implicações dessa mudança no Brasil e os novos indexadores foram comentados em um webinar realizado pela Bloomberg. Sob o tema “A vida após a transição da LIBOR”, a transmissão foi comandada por Sandro Amorim, especialista em produtos de renda fixa da Bloomberg Brasil. Ele também apresentou as novas soluções que a Bloomberg desenvolveu para apoiar o mercado financeiro no processo de substituição da LIBOR. Confira aqui a transmissão na íntegra.

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O que é a LIBOR?

A LIBOR é uma taxa de juros média diária calculada pelos principais bancos de Londres e muito utilizada como referencial nas transações internacionais. Essas instituições financeiras estimam o que teriam que pagar para emprestar uns aos outros. Sua versão definitiva foi apresentada em 1986 e se tornou a base para a taxa flutuante para empréstimos e títulos.

A LIBOR é calculada em cinco moedas diferentes: dólar americano (USD), Euro (EUR), libra esterlina (GBP), Iene japonês (JPY) e Franco suíço (CHF). Mas desde que bancos da Europa e Estados Unidos foram acusados de manipular os juros para beneficiar seus próprios portfólios, este benchmark passou a ser questionado.

Juntamente com outras taxas interbancárias oferecidas (IBOR), como Euribor para o euro e Tibor para o iene, o papel da LIBOR como referência representativa de juros está com os dias contados. Em 2017, o Financial Conduct Authority (FCA), órgão regulador do Reino Unido, deu prazo para a saída da LIBOR do mercado, que deve ocorrer em dezembro de 2021.

Segundo Amorim a partir dessa data os bancos não serão mais obrigados a responder a pesquisa  para a formação da LIBOR. E embora isso não signifique que a LIBOR necessariamente desapareça neste dia estabelecido pelo FCA, é provável que deixe de ser considerada uma referência representativa – acionando os fallbacks (taxas de referências alternativas) dos contratos. O especialista da Bloomberg observou que existe um grande problema a ser resolvido. São os empréstimos com base nesse indexador com vencimento após 2021, que somam US$ 12 trilhões no mercado mundial. Todos esses contratos terão de ser redefinidos.

Ouça as explicações de Amorim sobre o impacto nos contratos com o fim da LIBOR

Novos indexadores substitutos da LIBOR

Bancos centrais dos diversos mercados estão criando benchmarks substitutos da LIBOR com base em Risk Free Rate (RFR), taxas de overnight sem um componente de risco de crédito. Essas taxas são diferentes das IBORs, que possuem estruturas de prazo e possuem um componente de risco de crédito. Entre esses novos substitutos estão:

  • Overnight Financing Rate (SOFR), dos EUA;
  • Sterling Overnight Index Average (Sonia), do Reino Unido;
  • Euro Short-Term Rate (ESTR), da União Europeia;
  • Tokyo Overnight Average Rate (TONAR), do Japão

Esses novos benchmarks baseados em RFR já estão disponíveis no Terminal Bloomberg na função OTC BRL RFR<GO>. A taxa SOFR começou a ser publicadas em maio de 2018 e registrou sua primeira emissão de Bond em julho daquele ano. Em dezembro de 2019, foi realizado o primeiro empréstimo sindicalizado com base nesse indexador.

Amorim destaca que vários países estão seguindo o indexador dos EUA. Para melhor compreensão, o especialista da Bloomberg fez uma comparação entre a LIBOR e SOFR no áudio abaixo:

Acompanhe com mais detalhe comparações de Amorim entre SOFR e LIBOR

Novas soluções da Bloomberg para fase de mudanças

A Bloomberg reforçou seu portfólio de soluções para facilitar a transição da LIBOR para os novos indexadores. Confira algumas dessas novidades:

  • Portal SOFR – Função SOFR<GO> – Reúne uma série de conteúdos sobre a nova taxa financeira de juros dos EUA como artigos, tutoriais, webinars etc;
  • Portal €STR – Função ESTR<GO> – Consolida em um só lugar informações sobre o indexador da União Europeia;
  • Soluções RFR – Função RFR<GO> – Aqui você confere todas as ferramentas oferecidas pela Bloomberg para Risk-Free Rate, de forma que as mudanças da LIBOR para as novas taxas do mercado sejam realizadas com mais tranquilidade;
  • RFR Monitor – Função OTC BRL RFR<GO> – Lista todos os novos substitutos da LIBOR;
  • Calculadora – Função YAS<GO> Calculadora de Bonds indexados à SOFR.

Ouça todos os lançamentos da Bloomberg apresentados por Amorim

Amorim também comentou sobre o que acontecerá com os bonds e empréstimos quando a LIBOR deixar de ser publicada. Ele explicou que o mercado está trabalhando com fallbacks, ou ajustes para o processo de transição. Vários ativos de renda fixa já definiram os fallbacks a serem utilizados, porém vários ativos mais antigos ainda não contemplam essa informação. Para orientar o mercado sobre essa questão, a Bloomberg disponibiliza no Terminal e também no serviço Data License os dado de fallback, que podem ser acessados através da função DES<GO>.

Outra novidade da Bloomberg é o acordo de exclusividade fechado com a ISDA (Associação Internacional de Swaps e Derivativos) para começar a calcular e publicar ajustes (fallbacks) que a entidade pretende implementar para as principais taxas interbancárias oferecidas (IBORs) nas operações de derivativos.

No primeiro semestre de 2020, a ISDA realizou uma consulta a mercado com os principais players do mercado de derivativos mundial para definir a metodologia a ser aplicada pela Bloomberg no cálculo dos novos fallbacks, que são versões ajustadas de várias taxas RFRs. Estas taxas começaram a ser publicadas em julho de 2020 na função FBAK<GO>.

Para saber mais sobre a LIBOR e as soluções da Bloomberg para a transição para os novos indexadores, clique aqui.

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