Por Kyunghee Park
Há uma invasão de robôs em curso em um dos últimos setores que exigem uso intenso de mão de obra — a construção naval.
Em busca de custos mais baixos e tempos de construção mais rápidos, a Hyundai Heavy Industries e a Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering estão usando automação para construir partes importantes de gigantescos navios de contêineres, alguns com até 400 metros de comprimento.
O aumento da produtividade é essencial para um setor que precisa de cerca de 200 pessoas para construir uma embarcação e que enfrenta uma forte pressão dos preços. A queda acentuada do petróleo desde o segundo semestre de 2014, quando o barril era vendido a mais de US$ 100, contra US$ 60 atualmente, atingiu duramente as encomendas de navios, forçando os estaleiros a cortarem milhares de postos de trabalho e fecharem algumas docas. Os preços dos navios caíram cerca de 10 por cento nos últimos três anos.
“No ambiente atual é muito importante cortar custos sempre que possível”, disse Lee Jae-won, analista da Yuanta Securities Korea, em Seul. “Esses esforços de automação começarão a compensar quando as encomendas começarem a mostrar sinais mais claros de recuperação, provavelmente a partir do segundo semestre deste ano.”
A Hyundai Heavy, a maior construtora naval do mundo, e suas duas afiliadas entregaram 138 embarcações no ano passado, contra cerca de 180 em 2016.
Braços robóticos
A Hyundai Heavy afirma ser novidade global o uso de um robô industrial de 670 quilos — projetado e testado internamente — capaz de dobrar e soldar chapas de aço para as partes da frente e de trás dos navios por meio de conectividade remota entre a máquina e o software de design.
A construtora naval com sede em Ulsan planeja começar a usar o robô no ano que vem, medida que reduziria o tempo de soldagem em dois terços, diminuiria o número de trabalhadores qualificados e economizaria cerca de 10 bilhões de wons (US$ 9,4 milhões) por ano, segundo um porta-voz da empresa.
A Hyundai Heavy planeja construir uma planta automatizada, empregando também braços robóticos, para fornecer essas peças de aço para suas duas unidades de construção naval afiliadas, a Hyundai Mipo Dockyard e a Hyundai Samho Heavy Industries.
Para automatizar ainda mais seus estaleiros, a Hyundai Heavy está desenvolvendo mais robôs para outros trabalhos de soldagem e pintura.
Os robôs da construção naval ainda estão em seus primórdios. Para efeito de comparação, cerca de 70 por cento da fabricação de automóveis é automatizada, o que aumenta o ritmo de produção.
Um dos principais desafios da automação é o fato de os navios serem construídos com especificações diferentes dependendo do cliente, disse Oskar Levander, vice-presidente de conceitos e inovação para o negócio marítimo da Rolls-Royce. Um modelo de carro compartilha o mesmo chassi e os principais componentes, como portas e painéis.
“O setor da construção naval é muito fragmentado e os clientes também são muito fragmentados”, disse Levander. “Cada armador tem suas preferências no sentido do que quer em um navio.”