Crise no Brasil levaria Schlumberger a ampliar equipe na Venezuela

Por Peter Millard.

Os cortes promovidos pela estatal Petrobras estão fazendo uma de suas principais fornecedoras exportar talento local para um lugar improvável: a Venezuela.

A Schlumberger Ltd. está ampliando suas atividades no país vizinho ao mesmo tempo em que continua reduzindo sua mão de obra global em resposta ao enfraquecimento da demanda por seus produtos e serviços em outras partes, segundo uma fonte informada sobre os movimentos, que pediu anonimato porque a política não é pública. A maior provedora de serviços para campos de petróleo do mundo também está enviando alguns brasileiros para a Arábia Saudita e para o Kuwait depois que a Petrobras diminuiu os gastos em um esforço para reforçar a maior carga de dívida da indústria petrolífera, disse a fonte.

As mudanças de equipe ressaltam o declínio do Brasil como destino para a indústria do petróleo. Empresas como a Schlumberger, a Halliburton Co. e a Baker Hughes Inc. investiram pesadamente depois que dezenas de bilhões de barris de petróleo bruto foram descobertos em águas profundas ao largo da costa do país. Os remanejamentos também mostram o compromisso da Schlumberger com a Venezuela, que abriga as maiores reservas de petróleo do mundo e é um lugar desafiador para as empresas de energia fazerem negócios. A Baker Hughes e outras empresas reduziram sua atividade na Venezuela após contas não pagas, prejuízos cambiais e aumento da criminalidade, mas a Schlumberger permaneceu.

A Schlumberger preferiu não comentar as transferências de pessoal em uma resposta enviada por e-mail.

O número de plataformas ativas na Venezuela se recuperou nos últimos meses e atingiu o nível mais alto em um ano, enquanto a atividade caiu no Brasil, onde a Petrobras reduziu o trabalho de exploração e continua renegociando contratos com os fornecedores.

A atividade “estável” na Venezuela durante o terceiro trimestre ajudou a compensar a queda na receita no Brasil, no México, na Argentina e na Colômbia, disse o CEO da Schlumberger, Paal Kibsgaard, em uma teleconferência no dia 16 de outubro. A Petrobras é sua única cliente importante no Brasil e a Schlumberger tem mais clientes na Venezuela, onde grandes empresas multinacionais, como a Statoil ASA e a Chevron Corp. e empresas petrolíferas nacionais da China, da Rússia e da Índia são parceiras da estatal Petróleos de Venezuela SA, ou PDVSA.

Recentemente, em 2010, o Brasil estava prevendo ganhos anuais de 9 por cento na produção de petróleo e o governo convocou mais estaleiros, fábricas e centros de pesquisa para fornecerem os equipamentos e os cérebros para explorar os depósitos localizados a quilômetros abaixo do fundo do mar.

Subsídio a importações

Mas isso não funcionou. O crescimento da produção foi modesto e a Petrobras perdeu os maiores benefícios da expansão das commodities porque teve que subsidiar importações de combustível a pedido do governo. Diferentemente de outras empresas petrolíferas internacionais, que acumularam caixa quando o petróleo era negociado acima de US$ 100 por barril, a Petrobras triplicou sua dívida. Para piorar as coisas, um grupo de executivos da Petrobras e de algumas das maiores construtoras do Brasil foi preso por um enorme esquema de pagamento de propinas que paralisou algumas partes da cadeia de abastecimento.

O Brasil deverá flexibilizar as regras da indústria petrolífera para contratação de bens e serviços depois que as restrições em vigor sufocaram a demanda durante uma rodada recente de licenciamento, disse uma associação do setor.

As mudanças propostas, que estão sendo estudadas pelo Ministério de Minas e Energia e ainda precisam ser sancionadas pela presidente Dilma Rousseff, poderiam flexibilizar os limites para os equipamentos petrolíferos construídos no exterior para reduzir os gargalos do desenvolvimento. Isso tornaria os projetos brasileiros mais competitivos em meio aos baixos preços do petróleo, disse Jorge Camargo, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, uma associação conhecida como IBP.

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