De compradoras a vendedoras, seguradoras criam ETFs nos EUA

Por Rachel Evans e Katherine Chiglinsky.

A cautela está no DNA delas, mas mesmo assim as seguradoras pularam de cabeça nos ETFs.

Entre os investidores institucionais, esses conglomerados já formavam o grupo de compradores de fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds) que mais cresce. Agora, estão emitindo esses instrumentos para competir com gestoras de recursos tradicionais como Vanguard Group e BlackRock. A aposta é que nomes que são sinônimo de proteção podem atrair ativos. Parece que está funcionando. Os fundos das seguradoras agora supervisionam mais de US$ 25,3 bilhões, vindo de apenas US$ 1,9bilhão há cinco anos.

Os juros baixos prejudicam o negócio de apólices. A gestão de recursos — que gera comissões e imobiliza menos capital — passou a funcionar como diversificador fundamental para as seguradoras dos EUA. Além disso, é simples, rápido e barato estruturar ETFs, fazendo deles veículos ideais para seguradoras que tentam lucrar mais, especialmente quando conseguem repaginar suas estratégias tradicionais.

Os investimentos de natureza “passiva estão impactando os fluxos do setor de gestão de recursos”, disse o analista John Barnidge, da Sandler O’Neill & Partners. As seguradoras “provavelmente estão querendo reagir, aceitar que faz parte da realidade e fazendo seus próprios ETFs.”
A United Services Automobile Association lançou seus primeiros ETFs em outubro. A Principal Financial Group introduziu quatro desde o começo do mês passado, expandindo para 12, segundo dados compilados pela Bloomberg. A New York Life Insurance está com 23 ETFs após a compra da IndexIQ, em 2015. A Nuveen Investments, divisão da TIAA, tem 11 fundos do tipo após contratar Martin Kremenstein em 2015 para desenvolver seu negócio de ETF.

De acordo com informações passadas em setembro por uma pessoa a par do assunto, até a Prudential Financial, maior seguradora dos EUA em seguro de vida pelo total de ativos, explora esse mercado por meio de sua subsidiária de gestão de recursos, que administra US$ 1 trilhão. A Nationwide Mutual Insurance, que está entre as 10 maiores dos EUA em seguro automotivo e residencial, entrou no ramo neste ano.

“Quando há diversas seguradoras com um programa de ETF, é preciso entrar”, disse Paul Kim, estrategista-chefe de ETFs da Principal, que pretende chegar a 30 fundos em um prazo de cinco anos. “É uma resposta competitiva racional.”

Mas nem sempre.

A queda acentuada das comissões por causa da concorrência inicialmente convenceu a Principal a ficar longe, segundo Jim McCaughan, responsável pela divisão de gestão de recursos da seguradora. Mas a ascensão de fundos com gestão ativa — que geralmente cobram mais — mudou o jogo, ao oferecer à instituição uma forma de combinar suas competências existentes com uma distribuição mais eficiente, explicou ele. O responsável pelas operações da Prudential nos EUA, Stephen Pelletier, apresentou um raciocínio semelhante na semana passada, afirmando que a firma poderia focar em ETFs ativos, uma vez que a modalidade passiva não tem mais como evoluir.

As seguradoras estão oferecendo ETFs depois de usarem esses instrumentos para administrar seu próprio dinheiro. Quase metade das instituições sondadas pela Greenwich Associates no ano passado relataram que começaram a usar ETFs nos dois anos anteriores e quase 25 por cento haviam começado nos 12 meses anteriores.

Uma mudança regulatória tornará esses fundos ainda mais atraentes para o investidor, alterando o tratamento contábil dos ETFs para seguradoras. Isso pode fazer com que acrescentem mais de US$ 300 bilhões a ETFs de dívida nos próximos cinco anos, segundo a BlackRock, a maior provedora de ETFs dos EUA.

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