Detalhes sobre medicamentos genéricos que você precisa conhecer

Por Anna Edney.

Para manter sua ansiedade sob controle, Peter, funcionário público de 35 anos, tomou uma pílula azul e branca todas as noites antes de dormir durante nove anos: Cymbalta, da Eli Lilly & Co. Quando uma versão genérica saiu no mercado, oferecendo a chance de economizar, ele trocou.

Mas não deu certo. Os antigos sintomas de ansiedade recomeçaram junto com outros totalmente novos: “Irritabilidade e também a sensação de ter um cobertor no cérebro o tempo todo”. Peter nem pensou em culpar o remédio — ele achava que era igual ao que ele sempre tinha tomado. Mas seu médico, que já tinha visto reações semelhantes, tinha outra opinião e recomendou que ele tomasse novamente o Cymbalta.

“Eu estou me sentindo muito melhor”, disse Peter, três dias depois da troca. Ele pediu para não ser identificado pelo sobrenome para manter a confidencialidade. “É claro que o problema era com o genérico”, disse ele.

Os americanos, começando pelo presidente Donald Trump, são muito conscientes de que os remédios são muito caros. Trump diz que os laboratórios vêm “escapando de tudo” e promete agir em breve. Seja qual for a solução que ele propuser, é provável que implique um aumento do papel dos genéricos. Os pacientes dos EUA já economizaram cerca de US$ 230 bilhões ao longo de três décadas com eles. Para a maioria das pessoas eles funcionam sem problemas, como se fossem idênticos aos equivalentes de marca. No entanto, em muitos casos eles não são.

Motivos

Existem duas razões pelas quais a diferença da eficácia pode estar aumentando.

Primeiro, os medicamentos — especialmente os que tratam de transtornos como a ansiedade e a depressão — estão se tornando mais complexos. Os fabricantes de genéricos precisam reproduzir não apenas a combinação de ingredientes ativos, mas também o mecanismo de liberação, que controla a maneira como esses ingredientes são absorvidos — por exemplo, retardando ou dosando a entrada no organismo para que o paciente só precise tomar um comprimido por dia.

Essa tecnologia, também conhecida como liberação prolongada, é coberta por patentes independentes, por isso muitas vezes não está disponível para os produtores de genéricos. Eles têm que criar suas próprias versões, que podem não funcionar do mesmo jeito. A FDA está estudando maneiras de avaliar melhor os riscos que surgem dessas diferenças. O órgão diz que cerca de um terço dos 200 medicamentos mais receitados nos EUA dependem desses mecanismos.

Segundo, cada vez mais produtos farmacêuticos vendidos nos EUA são produzidos em países de baixo custo como Índia e China, e muitas vezes também são testados lá. A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) detectou casos em que os dados podem ter sido manipulados nos testes de qualidade. Mas como a FDA, com pessoal insuficiente em seus escritórios, tem dificuldades para regular as enormes industrias locais, suas iniciativas são uma gota d’água no oceano.

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