Por Ben Steverman.
Em todos os lugares tem alguém tentando acabar com o dinheiro vivo.
A Índia tirou de circulação 23 bilhões de cédulas na tentativa de combater a sonegação de impostos e a corrupção. O bitcoin e os pagamentos através de dispositivos móveis continuam sendo promovidos como a onda do futuro e os cartões de crédito oferecem recompensas cada vez mais agressivas. Um influente economista dos EUA quer deixar de imprimir cédulas de US$ 20 e de maior valor. O objetivo: ajudar os bancos centrais a impor taxas de juros negativas como política monetária.
Contudo, apesar de todas as tentativas, as caixas registradoras continuam cheias de notas de papel e moedas de metal. O dinheiro vivo está vivo e saudável, segundo um novo estudo sobre os hábitos de gasto de mais de 18.000 pessoas em sete países.
“Muitos projetaram e aderiram à opinião de que o dinheiro vivo está desaparecendo como instrumento de pagamento”, escrevem os autores. “No entanto, parafraseando Mark Twain, nós diríamos que os relatos sobre a morte do dinheiro em espécie são muito exagerados.”
O valor dos dólares e euros em circulação dobrou desde 2005, para US$ 1,48 trilhão e 1,1 trilhão de euros, respectivamente. Parte desse crescimento pode ser explicada pela demanda por essas moedas em países estrangeiros, mas também há muitos indícios de que europeus e americanos continuam carregando maços de dinheiro.
A nova pesquisa analisa e compara dados sobre opções de pagamento na Austrália, na Áustria, no Canadá, na França, na Alemanha, na Holanda e nos EUA. O estudo mostra diferenças notáveis entre esses países: alemães e austríacos carregam e utilizam a maior quantidade de dinheiro vivo; holandeses adoram os cartões de débito; cheques de papel ainda são relativamente comuns na França e nos EUA.
No entanto, a conclusão é que os consumidores nos sete países usam dinheiro vivo com mais frequência do que qualquer outro método de pagamento. O dinheiro em espécie é menos popular nos EUA, onde é utilizado em 46 por cento das transações, frente a 26 por cento para cartões de débito e 19 por cento para cartões de crédito.
Não existe um único motivo que explique por que os consumidores não querem deixar de usar dinheiro vivo. Um fator são os comerciantes que não aceitam cartões ou que estimulam pagar com dinheiro compras pequenas. O dinheiro em espécie também pode ser um hábito que as pessoas ainda não conseguiram abandonar. Idosos são um pouco mais propensos a usar dinheiro do que jovens em todos os países, exceto nos EUA.
Além disso, vale a pena mencionar que o dinheiro é anônimo e praticamente invisível para cobradores de impostos e dívidas. Ele não provoca cobranças financeiras nem taxas por dívida. E talvez a maior vantagem prática seja que o dinheiro em espécie oferece uma forma tangível de monitorar os gastos em tempo real, que funciona mesmo quando o celular fica sem bateria. Talvez seja por isso que, em todos os sete países, o estudo concluiu que pessoas de baixa renda eram muito mais propensas a pagar com dinheiro do que os consumidores de renda alta.
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