A inflação no Brasil apresenta firme tendência de queda, mas variáveis como a taxa de câmbio, os preços administrados, a recuperação econômica, o aumento de impostos e o quadro fiscal influenciam a extensão desse movimento. Sendo assim, os gestores de carteiras se deparam com quadros distintos de inflação e política monetária que impactam o rendimento de suas aplicações em renda fixa e variável. O ambiente externo também influencia os fluxos para esses investimentos, em um momento em que a União Europeia e os EUA começam a reverter medidas de estímulo monetário adotadas para combater a crise financeira global.
Internamente, a lentidão da economia, a fraqueza da demanda agregada e a deflação nos preços de alimentos proporcionada por condições climáticas favoráveis derrubaram a inflação para abaixo do piso da meta do Banco Central. Neste contexto, a autoridade monetária vem reduzindo a taxa básica de juros desde outubro do ano passado, quando a Selic chegava a 14,25%. Com a sucessão de cortes agressivos implementados desde então, a taxa chegou a um dígito. A expectativa é que o processo de flexibilização monetária prossiga, mas o tamanho dos cortes adicionais na Selic e seu nível terminal ainda estão em aberto. Segundo a BI Economics, a inflação em 12 meses deve chegar em dezembro a 3,2%, o que permitiria ao BC baixar a Selic para 7% até o fim deste ano. No entanto, esses fatores — sobretudo o aumento da volatilidade cambial e o rombo nas contas públicas — devem voltar a alimentar a inflação e exigir um movimento reverso que levaria a Selic a 9% em 2018.
A política fiscal está no centro das atenções dos investidores, uma vez que déficits nas contas públicas diminuem a eficiência da política monetária no combate à inflação. Diante das receitas aquém do esperado em virtude da lentidão da economia, o governo em agosto alterou a meta de déficit primário após ter aumentado impostos sobre combustíveis, elevando os custos de transporte. Ainda assim, o cumprimento da meta fiscal neste ano e no ano que vem é questionado pelo mercado, diante da falta de avanço das reformas e das decepções com as receitas extraordinárias e com o ritmo de retomada da economia.
Pelos cálculos da BI Economics, a persistência do déficit fiscal perto de 3% do PIB a partir de 2018 provocaria um aumento das projeções de inflação para 2019 e 2020 para o patamar de 5%, obrigando o BC a retomar o aperto monetário no ano que vem. A BI Economics estima que o déficit primário pode chegar a 2,7% em 2018 por causa das eleições.
Contrabalançando esses fatores que pressionam os índices de preços para cima, a inflação pode ficar abaixo do esperado devido à fraqueza do gasto do consumidor por causa do desemprego elevado, que segura principalmente os preços de itens mais sensíveis ao ciclo econômico, como serviços. Já a taxa de câmbio vem contribuindo consistentemente para a contenção dos preços de produtos importados e matérias-primas, mas o quadro pode se reverter tanto por causa de fatores domésticos (como turbulência política e aversão a risco) como internacionais (tendência do dólar em relação a moedas fortes e emergentes devido à conjuntura monetária, comercial e geopolítica).
Resultados distintos para essas variáveis podem ser aplicados à ferramenta do terminal Bloomberg, que simula a variação no preço de cada posição de uma carteira real ou hipotética de investimento, conforme ilustrações abaixo.
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