Por Alex Longley e Bill Lehane com a colaboração de Sheela Tobben, Lucia Kassai, Debjit Chakraborty, Dhwani Pandya, Julian Lee, Sherry Su, Christopher Sell e Helen Robertson.
O presidente dos EUA, Donald Trump, está redirecionando os fluxos globais de petróleo.
Os produtores da África Ocidental e da América Latina estão enviando volumes cada vez maiores de petróleo para a China. As exportações dos EUA para o país asiático caíram em prol de seus vizinhos. Existe uma necessidade global e urgente de encontrar barris para substituir a oferta do Irã, cujas exportações poderiam entrar em colapso no próximo mês.
O que conecta essas mudanças de fluxo é a política externa de Trump. A redução das compras chinesas de petróleo americano – e o aumento das compras feitas a outros países – coincidiu com uma guerra comercial entre os EUA e a China. Da mesma forma, a reiteração de sanções ao Irã, que começam em 4 de novembro, aumentou a necessidade do tipo de petróleo pesado e azedo que o país do Golfo Pérsico vende.
“Se você combinar o impacto das sanções dos EUA ao Irã e o impacto da guerra comercial dos EUA com a China, é a política externa de Trump que está reconfigurando os fluxos de petróleo”, disse Olivier Jakob, diretor da consultoria Petromatrix. “Os EUA estão se tornando uma grande potência energética e vão aproveitar isso, estamos começando a ver a implementação disso em diferentes partes do cenário energético, parte disso é observada atualmente nos fluxos de petróleo.”
Os mercados de petróleo também estão lidando com a produção recorde dos EUA, impulsionada pela produção de xisto, e a eliminação, por parte dos EUA, no final de 2015, dos antigos limites às exportações. Essas remessas – apenas algumas centenas de milhares de barris por dia há alguns anos – agora constantemente focam acima da média de 2 milhões de barris por dia a cada mês. O petróleo americano flui cada vez mais para mercados da Ásia, da Europa e da América Latina, segundo dados da Administração de Informação de Energia dos EUA.
Mudança de fluxo
Mas recentemente ocorreram mudanças no destino desses barris. A China, maior consumidor de energia do mundo, não importou em agosto nada de petróleo bruto dos EUA pela primeira vez desde setembro de 2016, de acordo com os dados mais recentes do Escritório de Censo dos EUA. Isso se compara a quase 12 milhões de barris em julho, quando a China era o segundo maior importador.
“O padrão do comércio parece se afastar do foco na China e passar para outros países asiáticos e para a Europa”, disse Caroline Bain, economista-chefe de commodities da Capital Economics.
A China também está se voltando cada vez mais para outras regiões. As exportações colombianas para o país asiático quintuplicaram em setembro, e as remessas brasileiras atingiram seu nível mais alto neste ano. As refinarias chinesas compraram 1,71 milhão de barris de petróleo por dia da África Ocidental para o carregamento de outubro, o maior volume desde pelo menos agosto de 2011.
Ainda não está claro até que ponto a China reduzirá, se é que vai reduzir, as remessas de petróleo bruto iraniano devido a sanções impostas pelos EUA. No entanto, compradores na Índia, no Japão e na Coreia do Sul estão reduzindo as compras do estado do Golfo Pérsico. O príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman disse que o reino e outros produtores da Opep estão compensando a perda de oferta do Irã.
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