Por Ellen Huet.
As pessoas deixam seus empregos por uma série de motivos: uma melhor oportunidade em outro lugar, uma mudança de vida, uma mudança de estado. Entre aquelas que trabalham para empresas de tecnologia dos EUA com altos salários, o motivo mais comum é a sensação de serem tratadas injustamente, segundo um estudo publicado na última quinta-feira.
Os empregos do setor de tecnologia tendem a oferecer flexibilidade, regalias e salários e benefícios competitivos, mas os trabalhadores disseram em diversas oportunidades que deixaram seus empregos anteriores por terem sido tratados injustamente. Entre os motivos está a sensação de serem ignorados em relação às promoções e a necessidade de lidar com panelinhas ou colegas condescendentes, segundo o estudo do Centro Kapor para o Impacto Social, grupo focado na diversidade e na inclusão no setor de tecnologia.
Os homens brancos e asiáticos, que ocupam a maior parte dos empregos nas firmas de tecnologia, apresentaram maior probabilidade do que os homens de outras etnias de sentirem que são tratados injustamente. A maioria das reclamações deles se concentraram no que descreveram como liderança ruim. Os negros e latinos relataram um problema diferente. Eles apresentaram quase duas vezes mais probabilidades que os trabalhadores brancos ou asiáticos de dizerem que eram vistos como estereótipos, apontou o estudo.
As maiores empresas do Vale do Silício passaram os últimos anos ressaltando seus esforços para recrutar e contratar mais mulheres e trabalhadores de outros grupos demográficos sub-representados. Mas têm relutado em falar sobre quem deixa suas empresas, embora este possa ser um indicador melhor da cultura corporativa.
A etnia e o gênero estão conectados ao sentimento dos trabalhadores em relação aos seus empregos e à possibilidade de permanecerem, apontou o estudo. As mulheres apresentaram maior probabilidade que os homens de observarem ou de passarem por um tratamento injusto no ambiente de trabalho. As mulheres negras e latinas tiveram a maior probabilidade de relatarem que foram ignoradas para uma promoção, enquanto mais mulheres brancas e asiáticas afirmaram que seus colegas tomaram ou receberam crédito pelo trabalho delas.
Allison Scott, diretora de pesquisa do Centro Kapor, que tem sede em Oakland, Califórnia, e autora principal do estudo, disse que desejava com o trabalho preencher as lacunas que as empresas de tecnologia não estavam divulgando ao público. “Todos nós ouvimos essas histórias e lemos reportagens nos jornais e postagens no Medium a respeito do que os indivíduos vêm passando no setor de tecnologia”, disse ela. “Estamos tentando entender: essas histórias representam um problema sistêmico maior?”
O Centro Kapor trabalhou com a Harris Poll para realizar uma pesquisa com cerca de 2.000 adultos dos EUA que haviam deixado voluntariamente um emprego no setor de tecnologia nos últimos três anos. Durante o processo de pesquisa, que levou cerca de um ano, eles conversaram com trabalhadores de nível técnico de empresas não tecnológicas e também com trabalhadores de todos os tipos das empresas de tecnologia.
O estudo tentou tratar o assunto com termos que deveriam chamar a atenção dos chefes corporativos: estimou que as saídas dos trabalhadores custam às empresas US$ 16 bilhões por ano. “É um encargo financeiro muito elevado que está associado à rotatividade contínua”, disse Scott.
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