Especuladores de petróleo aumentam aposta na queda de preços

Por Mark Shenk, com a colaboração de Golnar Motevalli.

Fundos de hedge aumentaram as apostas pessimistas em petróleo a um nível recorde em um momento de queda das ações globais e com o Irã prestes a contribuir para o excesso de oferta do petróleo.

O barril de petróleo caiu para menos de US$ 30 em Nova York pela primeira vez em 12 anos, no dia 12 de janeiro, em meio ao temor de que a turbulência nos mercados da China limite a demanda por combustível. Os preços caíram mais com o passar da semana devido aos sinais de que as sanções contra o Irã seriam eliminadas, permitindo o aumento das exportações de petróleo do quinto maior membro da Opep. As restrições foram levantadas no dia 16 de janeiro.

“Há um reconhecimento crescente de que qualquer aumento na produção vai prolongar o excesso”, disse Tim Evans, analista de energia da Citi Futures Perspective em Nova York. “O petróleo também está em baixa devido à preocupação em relação à demanda. O impacto do temor relacionado à China sobre todos os mercados ressalta preocupações sobre o crescimento econômico global”.

A posição vendida de especuladores em petróleo West Texas Intermediate subiu 15 por cento na semana que terminou em 12 de janeiro, mostram dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA. É a mais alta registrada desde 2006. As posições compradas caíram ao nível mais baixo em mais de cinco anos.

O WTI caiu 15 por cento, para US$ 30,44 o barril, nesta semana na New York Mercantile Exchange. Na segunda-feira, os preços caíram até 3,6 por cento, para US$ 28,36 o barril, nível mais baixo intradiário desde outubro de 2003, e subiram para US$ 29,38 às 12h32 pelo horário de Londres.

Relatório nuclear

A Agência Internacional de Energia Atômica concluiu em 16 de janeiro que a República Islâmica havia limitado sua capacidade de desenvolvimento de armas nucleares, conforme exigido pelo acordo de julho com as potências do mundo. Os EUA e outros cinco países concordaram em levantar as sanções econômicas relacionadas ao programa nuclear do Irã “de forma simultânea à implementação verificada pela AIEA”.

O Irã busca um aumento imediato de 500.000 barris por dia nas exportações, disse o vice-ministro de petróleo para comércio e assuntos internacionais, Amir Hossein Zamaninia, no domingo. O país planeja adicionar mais meio milhão de barris dentro de alguns meses. Analistas e economistas consultados pela Bloomberg disseram que o Irã poderá somar apenas mais 400.000 barris após seis meses.

Os estoques de petróleo dos EUA subiram na semana terminada em 8 de janeiro, aumentando o excedente, mostram dados da Administração de Informação de Energia do país. A oferta em Cushing, Oklahoma, ponto de entrega do WTI, subiu a um nível recorde.

A posição vendida dos especuladores em WTI subiu em 25.899 contratos, para 200.975 futuros e opções, mostram dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities. As apostas na alta dos preços subiram 7,4 por cento, maior ganho em um ano. As posições compradas caíram 9,3 por cento.

“Muitas pessoas pensaram que o petróleo não cairia muito mais e tentaram prever um piso”, disse Michael Corcelli, diretor de investimento do fundo de hedge Alexander Alternative Capital em Miami. “Quando temos recuos monstruosos, as coisas não terminam bem. Acho que cairemos para US$ 24 ou US$ 25 e depois teremos uma alta”.

Outros mercados

Em outros mercados, as apostas pessimistas líquidas no diesel de ultrabaixo teor de enxofre dos EUA caíram 27 por cento, para 22.951 contratos. Os futuros do diesel caíram 12 por cento no período. As apostas otimistas líquidas na gasolina na Nymex caíram 38 por cento, para 16.786 contratos, e os futuros tiveram queda de 14 por cento.

A queda dos preços está limitando os investimentos, preparando o cenário para declínios na produção que reduzirão o excedente global no fim deste ano, segundo o Bank of America e o Goldman Sachs.

A produção dos EUA deverá ser cerca de 1 milhão de barris menor no segundo trimestre em relação ao pico do ano passado, disse Daniel Yergin, vice-presidente da consultoria IHS, em 15 de janeiro, na Bloomberg Television.

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