Estrangeiros fogem, mas ainda buscam oportunidades para investir no Brasil

Por Andre Soliani.

A crise econômica do Brasil assustou os investidores estrangeiros que afluíam ao país entre 2006 e 2011 para iniciar novos negócios, de acordo com analistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), administrado pelo governo do Brasil.

Ainda assim, o país foi classificado em sexto no ranking mundial no A.T. Kearney 2015, índice de confiança de Investimento Estrangeiro Direto (IED), que examina como as mudanças políticas, econômicas e regulatórias terão impacto no IED. Há uma forte correlação entre o índice e os fluxos reais do IED.

Os investidores estrangeiros estão à procura de pechinchas no Brasil após o enfraquecimento do real em quase 50% nos últimos três anos, disse Ivan Oliveira e Edison Benedito, pesquisadores do IPEA.

“A quantidade de investimentos para expandir e criar novas plantas – investimentos que criam novos postos de trabalho – caiu”, disse Oliveira em entrevista por telefone no dia 26 de fevereiro. “Em 2016, nós provavelmente veremos fusões e aquisições sendo mais importantes no fluxo de investimento estrangeiro.”

O Brasil recebeu US$ 15 bilhões de IED em dezembro, o valor mensal mais alto desde dezembro de 2010. O salto foi proporcionado pelos investidores que estavam tentando se beneficiar do real mais fraco ocasionado por um sell-off de ativos brasileiros, de acordo com os analistas do IPEA.

O IED caiu para US$ 75 bilhões em 2015, de US$ 101.2 bilhões em 2011. Em janeiro, o Brasil recebeu US$ 5,5 bilhões em IED, em comparação a US$ 5,8 bilhões no mesmo mês do ano anterior. Oliveira e Benedito preveem que o fluxo vai se estabilizar em torno do nível atual neste ano.
 

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“O fluxo está agora perto de níveis pré-boom, estamos regredindo”, disse Benedito.

Os investimentos também se tornaram ainda mais concentrados nas indústrias que tradicionalmente têm atraído a maioria dos fluxos: petróleo e gás, mineração, telecomunicações e indústria automobilística, de acordo com os pesquisadores. Mas o foco mudou mais para operações que buscam o Brasil como uma plataforma para exportar em vez de vender para seu mercado interno.

“As empresas do setor de commodities não estão preocupadas com a situação no país”, disse Oliveira. “Se eles esperam uma recuperação dos preços, eles vão entrar no Brasil para exportar.” A recuperação do IED em setores focados no mercado interno pode levar até cinco anos, de acordo com os pesquisadores.

Mas nem todas as indústrias nacionais estão sendo evitadas por estrangeiros. Os serviços de saúde ainda é um nicho com potencial para atrair IED. Esta é uma indústria que está se expandindo apesar da crise, disse Benedito.

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