Europa saboreia petróleo brasileiro com abertura de novos blocos

Por Peter Millard.

As grandes petroleiras europeias que provaram um pouco do sabor do Brasil poderão em breve estar prontas para mais.

A norueguesa Statoil, a anglo-dinamarquesa Royal Dutch Shell e a francesa Total pagaram bilhões desde 2013 para ganhar acesso às férteis riquezas petrolíferas offshore do Brasil. Agora, elas são apontadas como as empresas com melhores chances de expansão quando o Brasil leiloar, neste ano, mais quatro blocos na prolífica área conhecida como pré-sal, ao longo da costa leste do país.

A região já produz cerca de 1,3 milhão de barris de petróleo por dia. Até 2023, a quantidade deverá superar 2 milhões de barris por dia, eclipsando a Noruega e a maioria dos produtores da Opep. Uma aposta desse tipo oferece aos europeus um retorno sólido sobre seu investimento e ao Brasil, talvez, a melhor chance de recuperação econômica após a Operação Lava Jato, uma grande investigação contra corrupção que envolveu a Petrobras.

As companhias europeias “definitivamente têm uma vantagem, não há dúvida”, disse Cleveland Jones, geólogo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, citando a familiaridade das companhias com o governo e com a geologia de águas profundas da região. “Elas fizeram algo que é estrategicamente muito positivo para elas, embora isso não feche as portas a ninguém.”

A decisão de abrir as descobertas energéticas mais valorizadas do Brasil a estrangeiros foi impulsionada pelas dificuldades financeiras e legais da Petrobras após a Lava Jato. Durante o boom das commodities, a empresa perdeu bilhões investindo em refinarias deficitárias e subsidiando importações de combustível, o que resultou na perda de sua classificação de grau de investimento.

Pico da produção

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que mais da metade da produção brasileira virá do pré-sal quando a produção atingir o pico de quase 4,5 milhões de barris por dia em 2025, segundo apresentação em seu website.

No ano passado, a Statoil fechou um acordo de US$ 2,5 bilhões com a Petrobras pela participação majoritária em um bloco da região onde está situado o depósito de Carcará. A produtora com sede em Stavanger afirmou que competirá por uma área adjacente no próximo leilão para controlar todo o depósito.

A Shell, enquanto isso, é a operadora do campo Gato do Mato, um dos primeiros leiloados na área junto à costa brasileira. Esse bloco também se estende além dos limites da concessão original e a companhia afirmou que também participará do próximo leilão.

Participação da Total

Em dezembro, a Total fechou a compra de uma participação controladora no campo Lapa, em um negócio de US$ 2,2 bilhões que também inclui uma participação minoritária no campo Berbigão, que deverá começar a bombear petróleo em 2018.

Embora a assessoria de imprensa da Total tenha preferido não comentar se a companhia participará do leilão de setembro, o CEO Patrick Pouyanne exaltou as virtudes do futuro do petróleo do Brasil em entrevista de televisão à Bloomberg, em Nova York, na terça-feira.

“No negócio de petróleo e gás, você vai aonde encontra petróleo e gás”, disse Pouyanne. “Um dos pontos fortes da Total são as águas profundas. Somos capazes de desenvolver campos em águas profundas; a África e o Brasil são os lugares óbvios para encontrar esse tipo de grandes recursos.”

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