Por Felipe Marques, Cristiane Lucchesi e Vinícius Andrade.
A firma de private equity fundada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, está criando um novo fundo para investir em empresas de médio porte, na esperança de lucrar com as políticas econômicas favoráveis ao mercado de seu ex-presidente.
A Crescera Investimentos, com sede no Rio de Janeiro, anteriormente conhecida como Bozano Investimentos, começará a conversar com investidores no segundo semestre e pretende levantar até US$ 500 milhões, disse Jaime Cardoso, co-diretor executivo da Crescera.
O novo fundo é o terceiro da empresa e terá como alvo empresas dos setores de consumo, educação e saúde, investindo entre R$ 50 milhões e R$ 300 milhões em cada uma, segundo Cardoso.
“Temos visto muitos grandes fundos globais no Brasil lutando para encontrar empresas nas quais possam investir grandes somas de dinheiro. Nosso alvo são empresas menores porque há uma grande oferta e uma concorrência menos acirrada”, disse Cardoso.
A Crescera foi fundada há quase uma década por um grupo de sócios que incluía Guedes, economista treinado na Universidade de Chicago que agora lidera a equipe econômica do governo brasileiro. Algumas de suas apostas mais bem-sucedidas foram em empresas de educação, incluindo Somos Educação e Anima Holding. O retorno de seus fundos foi em média de 25% ao ano, disse Cardoso. As estratégias atuais também incluem a aquisição de hospitais menores em todo o país e o investimento em escolas de medicina, disse Priscila Rodrigues, sócia da empresa.
Guedes renunciou ao seu cargo de presidente no ano passado, vendeu sua participação e levou a diretora de operações Daniella Marques para sua equipe em Brasília, deixando Cardoso e Daniel Borghi assumirem a empresa. Julio Bozano, um conhecido financista brasileiro que deu nome à empresa anteriormente, também vendeu parte de suas ações, enquanto o magnata imobiliário Elie Horn aumentou sua participação.
A Crescera, que expandiu para além do private equity na última década, voltou às suas origens depois de transferir para outro administrador, a XP Asset Management, cerca de R$ 750 milhões em fundos de ações e quantitativos. Isso deixou a empresa com cerca de R$ 2,5 bilhões sob gestão, segundo Cardoso.
“Paulo é um estrategista espetacular. Com o exército certo e os generais certos, ele vai conquistar qualquer coisa”, disse Borghi, um claro defensor dos planos de seu ex-sócio. “Nossos investimentos foram bem durante um período muito difícil, então imagine se as coisas funcionarem.”
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