Falhas na previsão da inflação agravam falta de credibilidade do Brasil

Por George Lei com a colaboração de Josué Leonel.

A inflação é um osso duro de roer para o Brasil, mas o problema maior pode ser a credibilidade do Banco Central. Desde que a presidente Dilma Rousseff tomou posse, em 2011, a autoridade monetária tem estado consistentemente equivocada sobre a rapidez com que os preços para o consumidor estão subindo.

Quando perguntados sobre onde a inflação vai acabar no próximo ano, a maioria das previsões tem sido muito baixas, mas os economistas brasileiros têm acertado mais que o Banco Central. E estimativas do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no comando desde 2011, têm sido menos precisas que as de seu antecessor, Henrique Meirelles.
 

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A previsão da inflação é importante porque ajuda a orientar as decisões sobre taxas. Tendo como horizonte o fim do ano seguinte, o Banco Central dá a si mesmo tempo para implantar ferramentas de política para atingir a meta. Falhas constantes na previsão minam a credibilidade do Banco Central e alimentam um ciclo vicioso de inflação real alta e expectativas elevadas de aumento de preços.

O aumento da inflação, neste ano, está ligado a algumas circunstâncias especiais. Preços regulados pelo governo − incluindo energia, gasolina e tarifas de transporte público − devem subir quase 15 por cento, graças à seca que aumentou as tarifas hidrelétricas. Também houve aumentos para ajustar muitos preços que foram mantidos baixos antes da eleição presidencial de 2014.

Em meados de junho, a inflação estava perto de 9 por cento, quase o dobro da meta do Banco Central, apesar do aumento de 200 pontos-base nas taxas de juro já em 2015. O mercado e os membros do governo esperam que a inflação termine este ano em cerca de 9 por cento.

Os economistas continuam a prever inflação de 5,5 por cento até o fim de 2016. Os membros do governo comprometeram-se a manter a inflação do Brasil mais próxima da meta de 4,5 por cento, embora a previsão do Banco Central, em 24 de junho, fosse de 4,8 por cento.

Os economistas e mercados de swaps preveem que os aumentos na taxa de juro continuarão até que ela atinja, pelo menos, 14,5 por cento, o maior nível desde meados de 2006. O Banco Central também terá de ser mais cuidadoso em relação aos cortes para o próximo ano: ele vai ter de esperar por sinais claros de que a inflação começou uma descida em direção à meta.

Um histórico pobre até agora, nesta década, significa que o Banco Central tem de trabalhar duro para recuperar a confiança do mercado.

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