Fed elevou taxas sem problemas e só precisou de US$ 105 bi

Por Matthew Boesler e Liz Capo McCormick.

O Federal Reserve conseguiu aumentar os custos de empréstimos na quinta-feira depois do primeiro aumento das taxas de juros desde 2006, e os responsáveis pela política econômica só precisaram desviar US$ 105 bilhões de fundos do mercado monetário para alcançar seu objetivo.

Liderado pela presidente Janet Yellen, o Fed elevou a taxa dos fundos federais em relação ao nível próximo de zero, onde estava desde a crise financeira de 2008. Na quinta-feira, o aumento de 0,25 por cento agitou os mercados monetários inundados por quase US$ 3 trilhões em excesso de dinheiro que o Fed injetou por meio da compra de bonds.

Apesar de toda a conversa sobre os desafios que os funcionários teriam que enfrentar quando aumentassem as taxas com tanto dinheiro no mercado, as operações de mercado de quinta-feira não foram muito diferentes em escala às dos dias anteriores. E a taxa de referência aumentou 0,2 ponto percentual, ou 20 pontos-base — praticamente a metade da faixa pretendida pelo Fed.

A negociação no mercado dos fundos federais saiu “extremamente bem”, disse Bill List, gerente de mercado de capitais do Federal Home Loan Bank of Pittsburgh. “O mercado inteiro dos fundos federais pareceu se ajustar esta manhã e tudo se estabeleceu a um nível mais elevado”.

Enquanto o Fed está mantendo a taxa de fundos como seu principal método de comunicar sua orientação política, a carga do aumento das taxas caiu sobre outro lugar. Isso porque com tanto dinheiro no sistema, os empréstimos interbancários tiveram um declínio de quase 90 por cento de 2008 para cá.

Desta vez, o Fed recorreu ao mercado de recompra — ou repo — para sua medida de aperto. O banco central realizou sua primeira operação de empréstimo pós-aumento naquele mercado na tarde de quinta-feira.

O Fed drenou US$ 105 bilhões através de recompra reversa a uma taxa de 0,25 por cento, acima dos US$ 102 bilhões que emprestou na quarta-feira à antiga taxa de 0,05 por cento. No entanto, estava pronto para fazer mais – potencialmente até US$ 2 trilhões.

Antes do anúncio de quarta-feira, para testar o programa, o Fed se limitou a US$ 300 bilhões de empréstimos diários através da recompra reversa. Com esse limite, os responsáveis pela política monetária corriam o risco de não serem capazes de manter as taxas de mercado elevadas se os investidores oferecessem mais do que o limite de empréstimos e fossem obrigados a conseguir dinheiro em outro lugar. Os funcionários removeram esse limite na quarta-feira e ainda não viram um grande aumento na demanda pela recompra reversa.

“Não houve um grande aumento no tamanho já que as taxas de outros mercados financeiros estavam mais altas”, disse Frank Gutierrez, que ajuda a administrar US$ 430 bilhões em fundos de crédito e soberanos na Global Liquidity Goup da J.P. Morgan Investment Management Inc. em Nova York e supervisiona fundos que estão entre as contrapartes de recompra reversa do Fed.

Escolha de yield

Outras opções, como o mercado de repo tripartite, oferece yield acima do novo piso de 0,25 por cento do Fed, dando aos fundos do mercado monetário oportunidades mais atrativas, disse Peter Yi, diretor de renda fixa de curto prazo no Northern Trust Corp., em Chicago, outra contraparte do Fed.

Os empréstimos de recompra reversa diários do Fed vão inchar nas próximas semanas e podem chegar a US$ 1 trilhão no ano que vem, disse Zoltan Pozsar, diretor de economia americana do Credit Suisse Securities EUA LLC em Nova York e ex-pesquisador do Fed de New York e do Tesouro dos EUA.

Com o aumento das taxas do Fed e os fundos do mercado monetário começando a anunciar yields mais elevados, eles provavelmente vão seduzir centenas de bilhões de dólares de depósitos bancários, que os fundos emprestarão ao Fed por meio de recompras reversas, afirmou Pozsar.

Poucos minutos depois do anúncio do Fed na quarta-feira, bancos de todo o país elevaram as taxas para os mutuários. No entanto, as taxas de depósito normalmente são mais lentas de ajustar para cima após aumentos nos juros.

“Vai demorar cerca de um mês para mudar os portfólios dos fundos monetários”, afirmou Pozsar. “Quando os investidores começarem a ver o crescimento dos yields dos fundos monetários e notar que os yields sobre os depósitos ficaram iguais, vão começar a movimentar o dinheiro”.

Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.
 

Agende uma demo.