Finisterre espera pausa dos ganhos nos mercados emergentes

Por Lilian Karunungan com a colaboração de Tomoko Yamazaki.

Em meio à euforia nos mercados emergentes, há quem diga que chegou a hora de uma pausa.

Quem também tem essa opinião é a Finisterre Capital, que administra o fundo Emerging Market Total Return Strategy, que aplica US$ 700 milhões em renda fixa e deu retorno de 11 por cento em 2016 e 12 por cento em 2017. Para o diretor de investimentos, Damien Buchet, há pouco espaço para mais avanço neste ano, uma vez que o crescimento dos países em desenvolvimento atingiu uma fase de maturidade.

“É impressionante que todos estejam tão otimistas após tantos ganhos”, disse Buchet. “Estamos numa parte do ciclo menos positiva do que há dois anos, o que não significa que o próximo estágio será uma crise, mas o mais exato seria dizer um reposicionamento das expectativas e preços.”

O índice MSCI que acompanha moedas de países emergentes subiu em janeiro, enquanto o índice Bloomberg Barclays que acompanha dívidas em moeda local dessas nações bateu recordes, embalados pelo otimismo que o crescimento irá se sobrepor a acréscimos adicionais nos juros nos EUA. Os índices tiveram altas de 2,9 por cento e 2,8 por cento, respectivamente, no mês passado.

Resumimos algumas opiniões expressadas por Buchet durante entrevista em Cingapura. A Finisterre Capital é subsidiária da americana Principal Financial Group, que supervisiona US$ 669 bilhões em ativos.

Em que pé estão os mercados emergentes neste exato momento?

– As economias em desenvolvimento estão dentro do período de ajuste a novos modelos globais de negócios, que começou em 2012 e foi amplificado pelo choque das commodities e pelo pânico com a perspectiva de retirada dos estímulos monetários (taper tantrum). São exemplos da mudança a transição da China para uma economia voltada para consumo, o fato de Rússia e Brasil diminuírem sua dependência em relação às commodities, além das reformas que estão ocorrendo em países como a Índia.

– A fase atual de crescimento dos mercados emergentes veio após um “superciclo enorme” de 10 anos, entre 2002 e 2012, marcado pela migração global da indústria de mercados avançados para países em desenvolvimento, a economia chinesa voltada para exportações e o fortalecimento dos preços das commodities.

Qual é sua estratégia de investimentos em um ciclo em amadurecimento?

– “Continuamos aproveitando o impulso técnico, principalmente por meio de moedas locais que são muito mais líquidas e fáceis de fazer hedge.” Além disso, a instituição reduziu a alocação em títulos soberanos e aumentou as apostas em dívidas corporativas.

– “Não vejo justificativa para nos distanciarmos do amplo intervalo de negociação” observado desde 2011-2012. A transição demorada para novos modelos de negócios nas economias em desenvolvimento significa mercados negociando em um intervalo estreito.

Onde você enxerga oportunidades?

– Os valores das moedas estão “relativamente tranquilos” e “quando o valor de algumas moedas é menos atraente, as entradas nas bolsas podem salvar a situação”.

– As moedas de países onde entram recursos nas bolsas – Coreia do Sul, Taiwan e Índia – estão atraentes; potencialmente Brasil e África do Sul também, dependendo dos desdobramentos políticos.

– O mercados de títulos denominados em moeda local ainda oferecem taxas de juros reais atraentes.

Quais são os riscos?

– Alguns fluxos para mercados emergentes podem diminuir à medida que os bancos centrais globais normalizam suas políticas monetárias. “Os mercados não estão suficientemente focados no que a normalização significa.”

– A normalização significa crescimento melhor do que antes. Mas também significa que, na situação anormal que tivemos, com baixa volatilidade e spreads de crédito comprimidos, os riscos de inadimplência foram suprimidos, porque os créditos fraquíssimos que normalmente entrariam em default sempre acabaram sendo salvos.

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