Por Erik Larson.
Um engenheiro de software da Flórida, que trocou a Ucrânia pelos EUA na adolescência em busca do sonho americano, foi condenado a 16 meses de prisão por seu papel na construção de uma bolsa ilegal de bitcoins – uma que supostamente lavava dinheiro para uma rede internacional de hackers.
Yuri Lebedev, 39, era o guru da tecnologia por trás da Coin.mx, que enganava bancos levando-os a processar transações em bitcoins disfarçados de cobranças por entregas de restaurantes e compras on-line de itens de coleção. Lebedev foi condenado por conspiração e fraude em março após um mês de julgamento em Manhattan.
Na sexta-feira, a juíza federal Alison J. Nathan disse que Lebedev tinha abusado das suas “impressionantes habilidades em tecnologia” para enganar instituições financeiras, transformando-as em “participantes involuntários do esquema”.
Supostamente, a Coin.mx foi criada para ser usada por um grupo de hackers que teve como alvo empresas financeiras e editoras, como JPMorgan Chase e Dow Jones, em uma sequência de ataques em 2014. Lebedev não foi acusado de lavagem de dinheiro nem de envolvimento nos ataques, mas seu papel na operação da bolsa foi fundamental, disseram os promotores.
Lebedev, de terno preto, disse antes da sentença que lamentava ter se envolvido na Coin.mx. Tudo o que pretendia, disse ele, era criar “tecnologia de ponta” e construir algo “que me tornasse excepcional”.
Menos tempo
A pena imposta por Nathan a Lebedev é muito inferior ao máximo de 10 anos recomendado pelas diretrizes de sentenças dos EUA. Nathan concluiu que ele não era nem líder nem cérebro da operação e observou que ele não tinha antecedentes criminais.
“Ele fez o que lhe ordenaram”, disse Nathan.
O homem que dava as ordens era o operador da Coin.mx, Anthony Murgio, que foi condenado a cinco anos e meio em junho. Ele se declarou culpado em janeiro e disse que dirigia a Coin.mx para o principal arquiteto do esquema de hacking, o israelense Gery Shalon, que diz ter fundado a empresa criminosa que chocou Wall Street.
Promotores disseram que a bolsa não registrada vendia bitcoins que eram usados em transações on-line ilegais e como pagamento em ataques de ransomware. O papel de Lebedev consistia em montar uma série de servidores utilizados pela Coin.mx para processar as transações, um elemento fundamental do esquema que exigia atenção constante para evitar que fosse detectado pelos bancos, segundo os EUA.
Homem de família
O advogado de Lebedev, Eric Creizman, mencionou a natureza abrangente do esquema para retratar seu cliente como um marido e um pai amoroso que caiu em algo tão grande que extrapolava sua compreensão. Em documentos apresentados no tribunal, ele descreveu Lebedev como um “réu insólito”.
Porém os promotores usaram a vida idílica construída por Lebedev contra ele para buscar uma pena dura. Eles disseram que Lebedev não era como os criminosos que precisavam do dinheiro ou tinham outras motivações do tipo para infringir a lei.
“Basicamente, ele poderia ter continuado no roteiro de sua vida”, disse o subpromotor federal Won S. Shin na leitura da sentença. Pessoas na posição de Lebedev “são ainda mais culpadas”.
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