Por Joe Ryan e Brian Eckhouse.
A ideia de que as baterias gigantes poderão algum dia revolucionar as redes elétricas encanta os defensores da energia limpa e os ambientalistas há muito tempo. Agora, está atraindo os bancos que têm dinheiro para concretizá-la.
Bancos como Investec, Mitsubishi UFJ Financial Group e Prudential Financial estão procurando financiar projetos de armazenagem de energia em grande escala da Califórnia à Alemanha, o que marca um momento de amadurecimento desse setor incipiente. O sistema ajuda as distribuidoras de energia a resolverem um problema de longa data da energia limpa: como gerenciar a produção imprevisível dos parques eólicos e solares e guardar a eletricidade para quando ela for necessária.
Os custos das baterias caíram 40 por cento desde 2014 e os órgãos reguladores estão exigindo que a tecnologia de armazenagem seja adicionada à rede. Isso está encorajando as distribuidoras de energia a oferecerem contratos mais longos, e as desenvolvedoras deverão construir US$ 2,5 bilhões em sistemas globalmente neste ano. Essas tendências estão mudando o perfil de risco, dando aos bancos confiança nas baterias, basicamente da mesma forma que, anos atrás, os contratos de compra de energia abriram as portas dos bancos para as energias eólica e solar.
“A entrada de dinheiro de verdade é o primeiro passo para o emprego generalizado”, disse Brad Meikle, analista da Craig-Hallum Capital Group em São Francisco, EUA, em entrevista. Trata-se de uma mudança em relação a muitos dos projetos de armazenagem que vimos até o momento, porque os componentes caros e o potencial de receita incerto deixavam os bancos comerciais cautelosos. Os desenvolvedores normalmente financiam sistemas com seus próprios balanços, combinando receitas de contratos de energia de curto prazo ou mercados atacadistas de eletricidade.
“Vemos uma oportunidade nesse segmento”, disse Ralph Cho, codiretor de energia da Investec para a América do Norte em Nova York, em entrevista. “Estamos tentando ser os primeiros.”
Atualmente, os contratos de armazenagem nos EUA e no Canadá raramente excedem três anos, disse Bryan Urban, chefe das operações norte-americanas da desenvolvedora de armazenagem Leclanche, que tem sede em Yverdon-les-Bains, na Suíça. Agora as distribuidoras de energia estão assinando contratos de três a sete anos e às vezes de até 10 anos, disse ele. E no Reino Unido a National Grid está firmando contratos de quatro anos para serviços de armazenagem.
“Em vez dessas fontes de receita curtas e incertas, agora temos contratos de longo prazo que os investidores podem apoiar”, disse Logan Goldie-Scot, chefe de análise de armazenagem de energia da Bloomberg New Energy Finance em Londres.
A nova safra de fornecedoras de baterias inclui empresas com mais recursos e com bolsos cheios. Tesla, LG Chem, Samsung SDI e Panasonic estão dando aos bancos confiança de que a armazenagem de energia em escala de rede é um setor genuíno. Ao mesmo tempo, o número de projetos aumentou ao redor do globo, dando aos bancos um amplo leque de negócios.
“Temos tido conversas com financiadores nos últimos quatro ou cinco anos”, disse John Zahurancik, presidente da divisão de armazenagem da AES em Arlington, Virgínia, EUA, em entrevista. “Eles estão satisfeitos com os componentes. Agora que o fluxo de negócios está aumentando, eu acho que está começando a chamar mais a atenção.”
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