Grupos rivais credores da Oi divergem sobre proposta de Sawiris

Por Cristiane Lucchesi.

Um grupo de detentores de títulos da dívida da Oi está favorecendo seu comitê coordenador em detrimento dos demais em uma proposta de reestruturação da operadora de telefonia brasileira, segundo um grupo rival de credores.

O plano que é alvo de discussão foi apresentado na semana passada pelos detentores de títulos assessorados pelo Moelis & Co. com respaldo do bilionário egípcio Naguib Sawiris. A proposta dá aos membros do comitê diretivo do grupo uma comissão injustificadamente alta em troca da garantia de compra de uma oferta de novas ações da Oi, disse Corrado Varoli, CEO da G5 Evercore, que está assessorando o grupo rival. A proposta também dá a Sawiris uma participação grande demais na Oi em relação ao montante que ele irá investir, disse Varoli.

Os grupos de detentores de títulos estão entre os diversos lados que competem para determinar o futuro da Oi, empresa atolada em um processo de recuperação judicial com US$ 19 bilhões em dívidas. Os detentores de títulos criticam a proposta feita pela companhia, pois ela os forçaria a esperar anos para descobrir se poderão converter suas dívidas em ações. A Elliott Management e a Cerberus Capital Management mantêm negociações separadas com a Oi para discutir possíveis opções.

O grupo assessorado pela G5 Evercore inclui fundos como Attestor Capital, York Capital Management e Aurelius Capital Management, disseram pessoas familiarizadas com o assunto no mês passado.

Plano do Moelis

A proposta do Moelis destinaria cerca de R$ 37 bilhões (US$ 10,9 bilhões) ao longo de cinco anos para investimentos com o objetivo de melhorar as operações, a eficiência e a qualidade do serviço. O grupo também propõe trocar R$ 24,8 bilhões em eurobônus por uma participação acionária de 95 por cento na companhia e a instalação de um novo conselho, segundo comunicado distribuído a jornalistas na sexta-feira, no Rio de Janeiro. A Oi está em processo de recuperação judicial desde junho.

O plano propõe US$ 1,25 bilhão em capital novo, garantido pelo comitê coordenador do grupo assessorado pelo Moelis e por Sawiris. Sawiris compraria diretamente um total de US$ 250 milhões da nova emissão e terminaria com 10,6 por cento da companhia, segundo o plano. A fatia é muito grande, segundo Varoli.

O grupo assessorado pelo Moelis argumenta que a fatia é justa, porque considera a participação de Sawiris usando um múltiplo de 4,2 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), segundo uma pessoa próxima ao grupo. Uma avaliação menos otimista teria dado a Sawiris uma participação ainda maior. A concorrente Tim Participações, que não está em processo de recuperação judicial, é negociada a 3,6 vezes o Ebitda.

O comitê diretivo do grupo assessorado pelo Moelis receberá uma comissão equivalente a 7,5 por cento das ações totais que subscrever para respaldar o aumento de capital, que poderá representar um total de até US$ 56 milhões. O valor também é alto demais, segundo Varoli.

O grupo assessorado pelo Moelis argumenta que a comissão é adequada, considerando que os membros do comitê estão dando garantia firme de subscrição da oferta de ações em uma transação que permaneceria aberta no mercado por muitos meses, com um período de bloqueio de até três anos durante o qual não poderiam vender as ações que possuem.

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