Headhunters são culpados por desigualdade salarial nos EUA

Por Carolynn Look.

Este é um assunto para tratar na próxima vez que um headhunter te ligar.

A participação do 1 por cento de trabalhadores com maiores salários nos EUA no total de salários quase duplicou desde os anos 1970 e Alexey Gorn, pesquisador da Universidade Bocconi, de Milão, sugere que isso pode ter algo a ver com a ascensão simultânea das agências de recrutamento profissional. Em um estudo apresentado na semana passada na conferência da Associação Econômica Europeia, em Genebra, ele argumenta que pelo menos 40 por cento do crescimento salarial entre os que mais ganham pode ter como origem o fato de os headhunters oferecerem oportunidades exclusivas a trabalhadores altamente qualificados nas melhores empresas — juntamente com um contracheque que as pessoas menos capacitadas jamais verão.

“Os headhunters são melhores na triagem porque coletam enormes bancos de dados de candidatos e, assim, podem escolher já sabendo as habilidades e os níveis de experiência da pessoa”, disse Gorn em entrevista por telefone. O fato de eles serem capazes de abordar trabalhadores que geralmente não estão buscando emprego ativamente reduz atritos no mercado de trabalho e permite uma combinação mais eficiente, o que também leva a salários desproporcionais, disse ele.

O 1 por cento com os maiores salários nos EUA recebeu 11 por cento dos salários do país em 2010, contra 6 por cento em 1978, segundo o economista Thomas Piketty, autor do bestseller “O capital no Século XXI”, de 2013. A pesquisa de Gorn aponta que os países da Europa que se tornaram mais expostos ao trabalho das agências de recrutamento mostram padrões similares.

Para determinar o impacto que os headhunters podem ter provocado na desigualdade salarial, Gorn desenvolveu um modelo baseado nas características do mercado de trabalho dos EUA nos anos 1970 e 2010. Segundo seus cálculos, a introdução dos headhunters leva a uma mudança significativa de profissionais altamente qualificados rumo às empresas mais produtivas. Da mesma forma, empresas menos produtivas perderam seus melhores funcionários e os trabalhadores menos qualificados ficaram sem chances em relação aos empregos mais bem remunerados.

Gorn sugere que uma solução para combater a desigualdade pode ser encontrar uma forma de canalizar uma parte desses altos salários para os trabalhadores menos qualificados. Salários mais elevados trazidos por uma eficiência maior permitem uma alíquota maior de imposto de renda, disse ele.

“Esses impostos adicionais podem então ser redistribuídos entre os trabalhadores de baixa renda que não recebem essas oportunidades”.

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