Ibovespa está mais cara que outras bolsas e dólar pode cair mais

Por Ney Hayashi, Filipe Pacheco e Phil Kuntz.

A alta da semana passada nos ativos brasileiros tornou o Ibovespa mais caro que seus pares dos mercados emergentes e colocou o real perto de cruzar um indicador técnico considerado prenúncio de mais ganhos.

As ações brasileiras ampliaram ganhos para o denominado “bull market” em meio a crescentes apostas quanto um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff — algo que, esperam muitos investidores, encerraria o impasse econômico no país – após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido brevemente detido como parte da operação Lava Jato. O múltiplo do principal indicador acionário brasileiro está agora cerca de 9 por cento acima daquele das ações de países em desenvolvimento, enquanto a diferença em relação às ações das economias desenvolvidas é a menor desde maio.

“Com as investigações concentradas em torno de Lula e de Dilma, investidores estão apostando que poderemos ver uma grande reviravolta política”, disse João Pedro Brugger, gestor de recursos na Leme Investimentos, em Florianópolis, cujo hedge fund Leme FIC FI Multimercado Crédito Privado teve um desempenho superior ao de 89 por cento de seus pares neste ano. “Tudo se resume à política e todos os dias há uma nova surpresa”.

A turbulência política no Brasil tornou mais difícil para Dilma conseguir apoio no Congresso para medidas que visam a reforçar o orçamento e a retomar o crescimento na maior economia da América Latina. A recessão mais profunda em um século e o déficit orçamentário crescente custaram ao país a classificação de grau de investimento.

O real também subiu quando a especulação sobre o impeachment ganhou força. Avançou 6,6 por cento em relação ao dólar na semana passada e agora é negociado próximo à média móvel de 200 dias, um indicador técnico que, se cruzado, poderia ser um sinal de mais valorizações no futuro.

Enquanto isso, o custo para proteger os bonds do Brasil contra o não pagamento usando contratos de proteção de crédito de cinco anos teve a maior queda do mundo na semana passada.

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